sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Carnaval de rua Rio de Janeiro 2009

Pela primeira vez aqui, Pindzim deixa de lado sua identidade virtual e assume sua persona real para postar matéria publicada originalmente na Folha de São Paulo de 7 de fevereiro. Abaixo, a versão estendida sem os cortes feitos na edição, por falta de espaço.

Blocos superam crise, atraem turistas e lotam ruas do Rio

Há 52 anos, reportagem da Folha da Manhã apontava decadência dos blocos

Após movimento nascer tímido na zona sul, atualmente há mais de 400 blocos de rua na cidade; desfiles começam hoje


CAIO JOBIM
DA SUCURSAL DO RIO
Na edição de 5 de março de 1957, reportagem da Folha da Manhã decretava: "Carnaval de rua do Rio está decadente". Se há 52 anos atrás o jornal relatava "blocos vazios e muitos cariocas fora da cidade", o panorama agora é outro: blocos superlotados não só por cariocas, mas também por turistas que escolhem o Rio como destino para o carnaval.

Mapa com localização do desfile de blocos selecionados

Exibir mapa ampliado

A folia começa antes mesmo do início oficial do carnavalcom blocos que deram início à revitalização da festa de ruaa partir dos anos 1980. Precursores do movimento que nasceu tímido na zona sul da cidade e se espalhou pela cidade, o Simpatia é Quase Amor e o Suvaco de Cristo dão a largada para a folia. O que pode parecer uma antecipação do calendário carnavalesco, na verdade foi motivado por uma "necessidade".

"O carnaval de rua do Rio andou muito morno até mais ou menos o final dos anos 90, início de 2000. Era um carnavalainda em recuperação. Até então, os blocos saíam antes docarnaval propriamente dito, como o Suvaco e o Simpatia, porque os organizadores desses blocos passavam o carnavalem Recife", diz João Cavalcanti, do grupo de samba Casuarina, que desde 1988, ainda na infância, sai no Suvaco de Cristo. Há dois anos ele é um dos compositores do samba-enredo do bloco.

Nos primeiros desfiles, "havia meia-dúzia de gatos pingados em volta do carro de som", lembra Cavalcanti. "Hoje, o Suvaco chega a juntar 60 mil pessoas". Não cresceu apenas o número de foliões, mas também a quantidade de blocos. A Riotur calcula que existam hoje, no Rio, mais de 400 blocos de rua.

Na esteira deste crescimento, dois estreantes chamam atenção neste ano. O primeiro é o A Coisa Tá Preta, capitaneado por Preta Gil, com hino composto por Carlinhos Brown, que sai em Ipanema.

DIVULGAÇÃO: SHOW NOITE PRETA VERÃO


O outro é o Sapucapeto, idealizado pela estilista Isabela Capeto e pelo produtor e compositor Leandro Sapucahy. A ideia surgiu em um desfile de Capeto na Claro Rio Summer, no ano passado, em que ela convidou Sapucahy para fazer uma roda de samba. Acabou virando um bloco por imposição daqueles que estavam presentes no evento.

Esta explosão teve início no fim dos anos 1990, quando ocarnaval de rua ganhou um novo impulso através de duas vertentes distintas: a do resgate de antigas tradições e a da injeção de ritmos pop na batucada do samba.

Criado em 1997 a partir de um grupo musical ligado às manifestações musicais das festas populares brasileiras, o Cordão do Boitatá trouxe de volta a tradição das marchinhas e da brincadeira de rua com foliões devidamente fantasiados em seu desfile seguido de baile na Praça 15. Com um instrumental composto por metais, percussão, violão, cavaquinho e acordeon, musicalmente é um dos melhores blocos do Rio.

Desfile do Cordão do Boitatá em 2008 (Guito Moreto)

Nesta linha, destacam-se também o Céu na Terra, que sai seguindo o trajeto da última linha de bonde da cidade, nas ladeiras de Santa Tereza, e o Rancho Flor do Sereno, idealizado por Elton Medeiros, parceiro de Cartola em clássicos do samba como "O Sol Nascerá".

"O carnaval do Rio foi muito massacrado na década de 80. Eles fizeram o sambódromo, com o foco nas escolas desamba, só que a coisa ali foi deturpada. A música não é o elemento principal na Marquês de Sapucaí, então, uma das coisas que motivou essa retomada foi as pessoas quererem ouvir música bonita no carnaval", diz Kiko Horta, do Cordão do Boitatá.

Numa outra linha, Monobloco e Bangalafumenga adaptaram estilos tão variados quanto o rock, o funk, a música nordestina e a MPB ao ritmo de uma bateria de escola desamba. Sob o comando do compositor Rodrigo Maranhão, o Banga desfila em um dos mais belos cenários carnavalescos do Rio, à margem do Jardim Botânico. O bloco acaba de lançar o seu terceiro disco, o elogiado Barraco Dourado.

Desfile do Bangalafumenga no Horto

Tendo como espinha dorsal os integrantes de Pedro Luís e a Parede, o Monobloco promove a apoteose do carnaval de rua do Rio no primeiro domingo após a quarta-feira de cinzas, quando a praia de Copacabana é tomada por uma multidão estimada em 100 mil pessoas.

Os dois blocos têm suas próprias baterias, formadas por alunos que participam de oficinas ao longo do ano. "O Monobloco implantou esse modelo de oficinas para criar a sua própria bateria. O carnaval é a formatura dos alunos", diz.

O bloco surgiu a partir de uma oficina de percussão ministrada por seus integrantes no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, no ano 2000. Dali veio a ideia de "pegar o instrumental do samba para adaptá-lo aos ritmos do Pedro Luís e a Parede", lembra Pedro Luís. "É uma bateria de gente comum, tocando vários ritmos, fazendo um baile de carnaval bem diferente", explica o mestre de bateria do Monobloco Celso Alvim.

Enfim, não há restrições de gênero ou estilo nas ruas do Rio. O Rio Maracatu, por exemplo, trás um pouco do carnaval pernambucano para a praia de Ipanema. E nas ladeiras deSanta Tereza, acontece o desfile mais peculiar do carnavalde rua carioca. Com integrantes de diversos países da América do Sul, o Songoro Cosongo promove o seu "carnaval psicotropical" ao som de ritmos latinos, como cumbia, merengue, guaracha e salsa.



O crescimento do carnaval de rua carioca faz com que alguns blocos não informem o horário em que vão sair, divulguem a hora errada ou até mudem o local ou o horário do desfile para despistar os foliões. É o caso do Emplga às 9, formado a partir das oficinas do Monobloco. Neste ano, a apresentação no posto 9, na praia de Ipanema, foi antecipada em uma semana e o horário foi alterado.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Little Joy sob a sombra de Los Hermanos

Passada quase uma semana do show do Little Joy no Circo Voador (Rio de Janeiro), aqueles que se interessam por saber como foi a passagem da banda pelo Brasil já sabem que no Rio a apresentação foi encerrada com o público cantando "Último Romance" puxada por Fabrizio Moretti quando Rodrigo Amarante já havia deixado o palco. Foi obrigado a voltar. Ao mesmo tempo em que se comprazia com o reconhecimento dos fãs de sempre, parecia um pouco desconfortável em sua fase antipopstar, experimentada nas turnês americanas e europeia da sua nova banda.

No Rio, assim como em todas as outras capitais brasileiras por onde o Little Joy passou, um dos novos prazeres descobertos por Amarante em sua experiência internacional - o de tocar para pessoas que simplesmente desconheciam seu passado de glória no pop brasileiro -, e em menor escala também por Moretti, foi anulado. O Little Joy ganhava a plateia de antemão antes do primeiro acorde. Bastava Amarante subir ao palco.

De lá de cima, o som muitas vezes descrito por aí como ensolarado e praieiro, tornava evanescente a sua origem californiana. O sabor era antes carioca com sotaque inglês. Não aquele do posto 9, da praia de Ipanema, mas um meio termo entre a Copacabana pré-bossa nova, carregando o saudosismo de um tempo indefinido, e a Barra da Tijuca com seus quilômetros de areia a perder de vista e seus shoppings que remetem a Nova York. E aí se faz a costura entre as duas pontas, ou entre as duas cabeças do Little Joy. Rio e Nova York. Los Hermanos e Strokes. No palco estas referências são mais óbvias e reconheciveis do que o clima californiano identificado em massa pela imprensa brasileira à falta de uma definição melhor.

As melodias guiadas pela voz de Amarante contornam suas antigas composições. As harmonias roqueiras com levadas que remontam aos primórdios do rock - muito antes do revival promovido pelos Strokes - evitam as dissonâncias que fizeram dos Hermanos um saudável corpo estranho no rock nacional dando um frescor atemporal às canções. Da sonoridade da banda de Moretti, curiosamente, há a retidão da bateria, a cargo de Matt Romano. O terceiro elemento - Binki Shapiro - torna-se coadjuvante, pequeno como a sua voz, bela, mas por vezes claudicante, diante dos dois astros reconhecidos como tal pelos brasileiros. O fato é que no disco, os climas e os arranjos são mais bem resolvidos e a conjunção destes elementos ficam mais diluídos e uniformes.

Mas, enfim, nada disso importa ao público carioca. Amarante não cansa de repetir que agora, sim, está de volta para casa. Para a maioria é o que basta. Estavam com saudade de ouvi-lo cantar, embora devam ter sentido falta das dancinhas enérgicas durante os momentos de maior vigor instrumental. A língua estrangeira não chegou a ser uma barreira, embora tenha limitado o coro a apenas alguns trechos de determinadas canções. E assim transcorreu o show. Previsível para o público tanto quanto para os artistas.

Quando tudo estava encerrado, o animado Moretti resolveu fugir ao script, improvisando sobre o final feliz. Veio então o êxtase. Coisa semelhante acontece nos shows de Marcelo Camelo. A diferença é que este contempla os fãs com alguns números da banda em recesso. O fato de suas letras serem em português também faz com que algumas das canções de Sou alcancem ressonância semelhante a dos sucessos do passado. Depois de puxar o coro, Moretti ia deixando Amarante sozinho no palco, mas este o puxou pelo braço e o tirou pra dançar ao som de "Último Romance". Não há dúvida de que ele prefere os pequenos prazeres que descobriu com o seu novo brother do que a idolatria compartilhada com seus velhos hermanos.

Plateia em êxtase sob os olhares e os ouvidos de Amarante e Camelo por acmyit


Que o momento mais emocionante do show tenha sido aquele em que o espectro do Los Hermanos tomou conta do Circo mostra que a antiga banda de Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, no todo, ainda ocupa o coração dos fãs para muito além de cada uma de suas partes em separado. Mesmo que Amarante, na companhia de Binki e Moretti, e Camelo, acompanhado pelo Hurtmold, transmitam muito mais verdade e alegria atualmente, seja no palco ou em estúdio. Bem, pelo menos é o que parece. Resta ver como será nos dias 20 e 22 de março na abertura do Radiohead.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O carnaval de Siba e a Fuloresta

Conforme o que foi dito na postagem abaixo, Siba participou do Concurso Nacional de Marachinhas com "Canoa Furada" (pode ser vista neste link rolando até o pé da página do Fantástico), única das dez finalistas que navega pelas águas do carnaval pernambucano, com direito a breve citação a "Pra Frente Brasil", hino do Brasil tricampeão mundial de futebol na Copa do México, em 1970. Musicalmente calcada nas tradições musicais da Zona da Mata, como as canções do disco "Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar", a letra em tom de galhofa narra a história de um pescador desavisado que vai parar no meio do oceano com sua canoa furada.

Mas esta não é a única música nova do compositor com a Fuloresta. Há também "Bagaceira", também de inspiração e fim carnavalesco. As duas estão disponíveis para audição no Myspace de Siba e a Fuloresta.

Na próxima segunda, dia 16, a banda se apresenta no Fortim de Olinda. Na programação do carnaval de Recife há duas apresentações previstas:

22/02 - Siba e Nação Zumbi (Marco Zero)

23/02 - Siba e a Fuloresta (Ibura)

Quisera Pindzim estar no Recife durante o carnaval para ver aquele que considerou o melhor show do ano passado.

Edu Krieger e a marchinha vencedora

Edu Krieger foi o grande vencedor do 4º Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas edição 2009. "Bendita Baderna" foi a escolhida entre 843 marchinhas oriundas de 25 estados brasileiros. Entre as dez finalistas, havia músicas do compositor pernambucano Siba ("Canoa Furada"), e de Eduardo Dussek ("Todo Mundo Nu"), que em todos os anos chega à final, mas ainda não conquistou o título.

Fiel à tradição musical e galhofeira do gênero, "Bendita Baderna" associa o dia da criação ao fim da paz celestial, apelando à bendita baderna carnavalesca para livrai-nos do mal e do juízo final. Veja a letra abaixo e a interpretação do próprio compositor aqui.

Um dia Deus estava entediado
sentado em seu trono de cristal
olhando a imensidão, naquela solidão
cansou da santa paz celestial

E num momento de rara inspiração
criou planetas, cometas e animais
pra finalizar a criação
fez o ser humano e nunca mais dormiu em paz

Agora já era o juízo final
bendita baderna livrai-nos do mal
relaxa pai nosso, libera geral
sem culpa ou remorso, hoje é carnaval

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Elza Soares e Lobão juntos no palco

Na semana que se encerra, Elza Soares fez um show no Bar Bhrama, em São Paulo. Lobão fez uma participação como convidado. "Me Chama" foi uma das músicas que fizeram juntos. Gostaram tanto do encontro que logo depois da apresentação começaram a fazer planos para a realização de todo um espetáculo em conjunto. Pode rolar ainda este ano.