sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Marcelo Camelo imprevisível

Marcelo Camelo apresenta, à sua maneira, com mistérios e silêncios, seu novo projeto musical. Se trata de Os Imprevisíveis. O nome já diz bastante, mas a música - e as imagens que a acompanham neste vídeo postado no Youtube -, por enquanto, ainda não dizem nada. Nem dá para saber se a coisa é realmente séria ou só um passatempo mesmo.



Camelo apresentou o novo projeto na última terça, no programa Ronca Ronca, na Oi FM. Pindzim ainda não conseguiu ouvir o programa para saber e ouvir mais a respeito, mas, partindo de Camelo sempre se criam expectativas.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Gui Boratto hoje em Nova York

A música eletrônica brasileira vai chacoalhar Nova York. O produtor brasileiro Gui Boratto faz apresentação hoje no clube Cielo, com direito a nota do crítico musical Sasha Frere-Jones, da prestigiosa revista New Yorker, recomendando o show.

Boratto vai se apresentar sozinho no Cielo apenas com um laptop e uma bateria eletrônica. No seu texto, entre elogios a Cromophobia, disco de estréia do músico, produtor e compositor, Frere-Jones diz que o show de Boratto pode ser um dos melhores do outono americano.

Tim Festival 2008: Noite 100% Nacional

Não se pode afirmar que o palco Bossa Mod foi o melhor do festival. Certamente, foi um dos mais animados da edição carioca do Tim 2008.

O ápice foi a estréia solo de Marcelo Camelo em casa. A tenda ficou cheia e as atenções estiveram todas voltadas para o palco. Adaptando o roteiro da apresentação, Camelo fez o primeiro show da turnê de "Sou" em que o Hurtmold não saiu de cena em nenhum momento. Os números de voz e violão ficaram reservados para a volta, em dezembro, no Canecão.

Foi uma opção inteligente. "Téo e a Gaivota" abriu a noite no lugar de "Passeando" e já na primeira música ficou claro que os tempos de histeria coletiva ficaram no passado, quem sabe no futuro, já que o compositor afirmou em entrevista à Rolling Stone brasileira que o retorno dos Hermanos é possível. Ainda há quem cante junto, lógico, mas a música que emana das caixas se impõem. E isso é ótimo. Estabelece-se um canal de comunicação entre Camelo e Hurtmold e o público mais saudável, de troca. Os muitos silêncios das novas composições encontram correspondência na platéia . O acompanhamento do Hurtmold valoriza as texturas e a beleza das composições se cristaliza na harmonia dedilhada na guitarra e na melodia da voz de Camelo.

Esta é uma idéia a ser mais bem desenvolvida, mas o músico que no Los Hermanos ficava sombreado pelo compositor aflora nas composições de "Sou". As letras parecem ter sido criadas a partir das músicas e de suas respectivas melodias. Os arranjos, com seus silêncios e ruídos, têm peso equânime ao dos versos. Então, é ótimo que ao vivo se possa ouvir os detalhes de cada canção, prestando atenção na emissão nebulosa de Camelo mais do que acompanhá-lo cantando verso a verso, como no tempo dos Hermanos.

As músicas mais animadas proporcionam momentos de maior exaltação, também agora de uma forma diferente. "Vida Doce", "Menina Bordada" e principalmente "Copacabana" põem a galera para dançar e assim as energias são divididas entre o movimento do corpo e a potência do gogó. A festa continua, mas agora ao balanço de sentimentos que navegam por águas tranqüilas. Os tempos do turbilhão movido a canções de identificação imediata e ao ventiloqüismo dançante do velho parceiro Amarante encontram-se em recesso.

Acabado o show, a tenda se esvazia. Arnaldo Antunes tocou para o menor público da noite, mas, por incrível que pareça, arrancou os coros mais animados de quem ficou até o fim com músicas "Socorro", "Não Vou Me Adaptar", dos Titãs e "Agora", gravada por Maria Bethânia. Arnaldo conquista o público com a naturalidade de quem já tem anos de estrada, sem a insegurança que ainda transparece em Camelo em sua fase solo e principalmente em Roberta Sá.

A cantora que abriu a noite é dona da melhor voz entre as jovens cantoras brasileiras. Afinada, potente e que já em seu segundo disco, "Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria", afasta-se de possíveis comparações com Marisa Monte ou quem quer que seja. Mas se a sua voz já adquiriu personalidade própria, a mesma personalidade ainda lhe falta no palco. Seus movimentos são tímidos, quase forçados. Sua expressão parece ensaiada, exceto quando busca correspondência com seus músicos no palco. Comunicação com o público, praticamente não houve.

Motivos para não se sentir a vontade não havia. Muitos fãs próximos ao palco faziam coro à cantora e um bom público estava ali disposto a conhecê-la. Com um repertório muito bem apanhado entre canções de alguns dos melhores compositores brasileiros da atualidade - Rodrigo Maranhão, Roque Ferreira, Pedro Luís e o próprio Camelo -, Roberta costuma apresentar um belo show. A empolgação, contudo, depende da platéia, mas, por maior que seja, não chega a atingi-la. Ela mantém-se fria e distante.

Não será uma tarefa fácil e rápida quebrar o gelo. Nem mesmo seu estágio no finado programa "Fama", da Globo, a ajudaram. Melhor que não a tenham tranformado em um produto descartável como fez com todos os seus colegas que passaram pela casa e até conseguiram maior evidência na época. Roberta Sá é uma das grandes cantoras brasileiras do século 21. Porém, somente os anos de estrada vão poder tranformá-la em uma intérprete completa.

Saldo final do palco 100% nacional: excluído o do jazz, foi o mais interessante da edição carioca ao lado do Tim no Tim, com Instituto e convidados interpretando Tim Maia Racional. Fica a deixa para o ano que vem: a música brasileira merece ao menos um palco exclusivamente seu e com preços mais baixos. Atrações internacionais a parte.

domingo, 26 de outubro de 2008

Tim Festival 2008: Esperanza Spalding canta "Ponta de Areia"

Esperanza Spalding foi um dos nomes que brilharam na edição 2008 do Tim. Aqui, ela interpreta "Ponta de Areia", de Milton Nascimento, com participação do violonista e guitarrista brasileiro Chico Pinheiro. No final, citação a "Paula e Bebeto", de Milton e Caetano.



Para ver outro momento do show de Esperanza Spalding, em que ela canta "I Know You Know", clique aqui.

sábado, 25 de outubro de 2008

Crônicas de um festival anunciado

Os anos passam, as edições se sucedem e a produção do Tim Festival segue incorrendo em erros recorrentes. Filas intermináveis para comprar bebida e comida, palco ao ar livre, que no ano passado inviabilizou a apresentação de bandas do circuito alternativo, e o principal e mais grave: tendas com acústica mediana e que não barram a propagação do som. Resultado, ontem, Carla Bley subiu ao palco da tenda de jazz sob a vibração dos graves exorbitantes de Kayne West.

O rapper americano conseguiu lotar o palco principal da edição carioca do Tim 2008. Em sua apresentação, West é a estrela solitária rimando sobre bases pré-gravadas a frente de um cenário inspirado em um futuro de penúria. Incandescente, seco e monótono. Em frente ao palco, fãs animados dançavam e gravavam o show com suas câmeras e celulares. À medida que se caminhava para o fundo da tenda, predominava a badalação.

Na outra tenda, o The National começou sua apresentação para muito pouca gente que de fato conhecia a banda. A iluminação, clara demais, tornava o clima ainda mais impessoal e frio. O som embolado não contribuía para criar empatia com o público. Não agradou.

Esperanza Spalding abriu a segunda noite do festival e fez uma apresentação que agradou bastante aos presentes. Pindzim não viu o show, mas a julgar pelos comentários e pelos vídeos gravados, a cantora e baixista americana justificou as expectativas com seu jazz enquadrado em canções pop, com cirações à música brasileira - reforçadas no show pela participação especial do guitarrista e violonista Chico Pinheiro.

No encerramento da festa, o Instituto e convidados reuniu uma multidão no palco ao ar livre e botou a galera para dançar ao som do Tim Maia, fase racional. Faziam parte do timaço Fernando Catatau e Junior Boca nas guitarras, Pupilo na bateria, Thalma de Freitas e Carlos Daffé nos vocais. O rapper Kamau improvisando rimas sobre as bases do mestre mostrou a todos que quiseram ver que a música brasileira está alguns pontos acima da de estrelas importadas cheias de marra, como West, impostas de cima para baixo por uma indústria agonizante em seus últimos e derradeiros suspiros.

Pindzim não assistiu ao MGMT, mas, pelo menos no Rio, o Tim ganharia mais se investisse em mais atrações nacionais e preços de ingresso mais baixos. Vamos esperar para ver o palco 100% nacional hoje, mas é quase certo que a animação seria muito maior. Ah, e o jazz deveria ser um festival a parte. A maior parte do público não está interessada nas atrações pop. E ainda evitaria o duplo desrespeito, ao público e aos próprios artistas prejudicados pela precária infra-estrutura sonora.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Tim Festival 2008: Rosa Passos e o cansaço do samba-jazz

Em um determinado momento do seu show, ontem, no primeiro dia da edição carioca do Tim Festival 2008, Rosa Passos anunciou com uma ponta de orgulho que "Romance", seu disco mais recente, está indicado para o "Latin Grammy". Porém, ressalvou, em uma categoria "nada a ver": pop contemporâneo. "É um disco de jazz", ponderou. Assistindo ao show, fica claro o porquê de tal categorização. Rosa é uma cantora brasileira que faz carreira no exterior com a cansada combinação de jazz e bossa nova. À banalização de um e de outro resulta em... um pop contemporâneo para platéias estrangeiras. Aqui no Brasil parece não funcionar, exceto para um público cativo, cujo grau de "refinamento" musical talvez só encontre correspondência nos fetichistas do MPB-Jazz lá de fora.

O público ainda se acomodava na tenda do Tim Festival quando, às 23h10 (mais de uma hora de atraso), Rosa Passos entrou no palco cantando "Vatapá", de Dorival Caymmi, compositor que, junto de Tom Jobim, foi o mais lembrado da noite. "Esse é um show que eu já apresentei nos Estados Unidos e na Europa, um concerto em homenagem a Caymmi e à bossa nova. Compositor e movimento sempre serão dignos de lembrança, mas o show de Rosa chega em um momento em que, por força das circunstâncias, tais reverências encontram-se no limite da saturação.


Ainda na terceira música, começou a ocorrer um fenômeno que acompanharia toda a apresentação. Casal sentado na nossa mesa, comentou: "depois do Sonny Rollins, essa Rosa não dá, não". Levantaram-se e foram embora. Já na primeira noite, um erro primário de escalação, colocando um instrumentista virtuoso para tocar antes de uma cantora brasileira cujas pretensões artísticas estão muito além do espetáculo que proporciona. Rosa tem uma boa voz. Sua amplitude vocal permite-lhe ir da suavidade à potência em um mesmo verso. Porém, as tentativas de alterar a métrica e a melodia dos canções, emulando improvisos jazzísticos instrumentais com a voz, resulta em um pedantismo inócuo.

Sua banda é composta por instrumentistas virtuosos, afinal, se não o fossem, não tocariam com ela, afirmou a cantora ao apresentá-los. O que deveria ser uma qualidade resulta em interlúdios instrumentais obrigatórios em todas as canções, prejudicando-lhes a execução. Nestes momentos, Rosa posta-se ao lado do instrumentista, olhos fechados. O que para ela é puro prazer, a platéia recebe com enfado. Tanto que quando ela anuncia que deixará o palco para um set instrumental, as luzes sobre a platéia se acendem e o que se vê é uma debandada considerável por parte do público.

O ponto alto do show acontece quando ela pega o violão e a banda se retira, ficando acompanhada apenas pelo baixista Paulo Paulelli. Aos primeiros acordes de "O Que Que a Baiana Tem?", a mulher sentada na mesa ao lado comenta com a amiga: "aí que é a Rosa Passos, assim é que ela manda bem". É quando ela se aproxima do epíteto "João Gilberto de saias" que muitas vezes lhe é impingido. Onde João é minimalista, Rosa é vigorosa. O violão de João é sambista; o seu é jazzístico. As batidas ritmadas fazem digressões sobre a harmonia e a melodia das canções e, por quatro músicas, Rosa consegue fazer seus improvisos soarem naturais em língua portuguesa. Mas foi cantando um samba que o show alcançou o seu ápice. Em uma interpretação convencional de "Pra que discutir com madame?", de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, que faz parte do repertório de João, o público chegou a ensaiar um coro. Mas foi só.

Em seguida, ao travestir "Águas de Março" de jazz, alterando a métrica dos versos e a melodia vocal, afasta-se do público para não mais se aproximar. Exceto, é claro, daqueles fãs incondicionais citados no começo desta postagem. Quem esperava por uma apresentação do nosso "João Gilberto de saias", podia ter evitado a frustração ao observar que Rosa Passos entrou no palco trajando calças. E o violão, instrumento fundamental à materialização do desejo do público, foi antes um elemento decorativo para os malabarismos de piano, baixo, sopros e bateria. E, principalmente, vocais.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Marcelo Camelo: solo e contente

"Um negócio assim, pra mim, que tem sido muito interessante é a possibilidade de tocar músicas que eu não toco ao vivo. Poder tocar cada vez uma música. Vou tocar uma música que eu não toco normalmente. Quer dizer, que eu não toco no violão ao vivo. Vai ser a primeira vez." 
(Marcelo Camelo, no Cine Theatro Central, em Juiz de Fora, antes de tocar "Casa Pré-fabricada" em versão acústica.) Agora, é só pegar o violão e tocar a música que desejar.

Ele pode estar só, mas a sua felicidade é de todo o mundo. Felicidade como há muito tempo não se via. Não, pelo menos, desde a época dos shows da turnê do Ventura. A leveza de pegar o violão e poder tocar o que quiser. De responder para a platéia que grita pedindo esta ou aquela música: "será que dá para eu escolher? eu vou escolher a música que eu vou tocar, antes de encerrar o show com "Fez-se Mar".

Não exatamente só, pois tem a fina companhia do Hurtmold, que lhe permite explorar coisas novas e também voltar a algumas antigas. Como esta aqui embaixo:


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Vazou: disco do Little Joy já está na rede

Com lançamento marcado para o dia 4 de novembro, o disco do Little Joy, banda de Rodrigo Amarante, Fabrizio Moretti e Binki Shapiro, caiu na rede hoje, anuncia o site britânico Did it Leak. Pindzim ainda não pôde ouvi-lo, mas o trabalho foi bastante elogiado pela revista Uncut.

Quem quiser ir se adiantando na audição pode clicar aqui.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Arnaldo Antunes e Roberta Sá substituem Paul Weller


Mais sem graça não poderia ser. Arnaldo Antunes e Roberta Sá, duas figurinhas fáceis do showbizz nacional, foram os escolhidos de última hora para substituir Paul Weller no Tim Festival 2008. Eles se juntam a Marcelo Camelo, que com a mudança se torna a atração principal do palco Bossa Mod nas noites do dia 23 em São Paulo, no Auditório do Ibirapuera, e do dia 25 no Rio, na Marina da Glória.

A organização do festival parece não ter se preocupado nem um pouco em ao menos tentar agradar àqueles que ficaram descontentes com o cancelamento de última hora do roqueiro inglês. Ao mesmo tempo, não é razoável supor que alguém se decida a pagar R$ 140,00 para assistir ao velho cantor e à jovem cantora. Faltou criatividade. Melhor seria apostar em nomes menos óbvios e compensar a subsituição com quantidade. Para usar um verbo recorrente em seu novo disco, caberá a Marcelo Camelo salvar a noite.