sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Temporada paulistana 2 - ao som da Orquestra Imperial

Os Cariocas em São Paulo
Seguiu-se o melhor do Rio de Janeiro em São Paulo ao som da Orquestra Imperial. Aí o interesse residiu exatamente no contraste entre as apresentações do coletivo carioca em casa e na fria capital paulista. Poucos foram aqueles que se arriscaram num bailado. Num primeiro momento devido à lotação da casa, rendida ao poder de sedução das musas Thalma de Freitas e Nina Becker. Depois, talvez, pela falta de costume. O som impecável, como nem sempre acontece no Circo Voador, onde os microfones de Rodrigo Amarante e Moreno Veloso insistem em se manter abaixo do aceitável, fez com que o show sobrepujasse o baile. Olhos e ouvidos atentos no palco, o que se conclui a partir do repertório de "Carnaval só ano que vem" é que Thalma de Freitas é o grande destaque do time de crooners. Transitando entre a melancolia contida do samba "Não foi em vão", de sua autoria, e da fossa francesa em "Rue de mes souvenirs", e a euforia controlada de "Tranquilo" e a agressividade de "Onde anda o meu amor" ela demonstra um domínio vocal e cênico cuja evolução encontra-se muito próxima do ápice. Rodrigo Amarante vem logo em seguida. Com a bela "O Mar e o Ar" ele completa a sua trilogia natural composta ainda por "O Vento" e "Evaporar", confirmando um novo caminho como compositor, iniciado no disco "4". Na sua voz, "Yarusha Djaruba" é o clássico dos bailes presente no disco.

Completam o time de cantores Max Sette, o rei da fanfarra, que fez algumas paulistas suspirarem à possibilidade de uma "Ereção" incontrolável, o mestre Wilson das Neves, e o hitmaker imperial Rubinho Jacobina. Os três são os responsáveis por manter no disco a irreverência dos shows com "Era Bom", parceria dos dois primeiros, e "Salamaleque", composição do último. A participação de Jorge Mautner e a intervenção do baterista Domenico Lancelotti interpretando "Eye of the Tiger" em falsete foram a senha para o momento chalaça que marca o final das apresentações da banda. Desencontros entre os instrumentistas e os cantores, o tradicional deixa que eu deixo até o apoteótico "Eu fumo sim", contra a hipocrisia de uma sociedade que se diverte movida a álcool. "Tem gente que não fuma, está bebendo". Um magnânimo boa noite para nós e a realização de um velho sonho para Thalma de Freitas: uma recepção calorosa no palco do antigo Palace. Uma noite de merecimentos.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Temporada paulistana 1 - Ave Cruz, Céu

Na semana passada Pindzim esteve em São Paulo para acompanhar alguns shows concentrados em poucos dias na capital. O curioso é que tenha saído de terras cariocas justamente para conferir velhas - mas sempre boas - atrações da cidade maravilhosa. Encontrou uma terra da garoa seca e fria, mas valeu a pena. Especialmente pela primeira apresentação. Confira nas próximas postagens comentários sobre minha temporada paulistana.

Ave Cruz, meu Deus do Céu
Tendo assistido a todos os shows de Céu aqui no Rio de Janeiro, Pindzim resolveu que era hora de assisti-la em casa, diante de um público cativo, pois aqui ainda não rolou esse show ideal, para um público exclusivamente seu. E o Sesc Pompéia não poderia ser melhor, com seu palco centralizado entre dois lances de cadeiras, os integrantes da banda frente a frente com a cantora a flanar de um lado a outro, aproximando-se dos fãs mais ardorosos que se colaram ao palco ao som dos primeiros acordes de "Roda". Antes, a novidade de uma música inédita fez-se anunciar. Mas tratava-se apenas de uma vinheta para dar início ao espetáculo, quem sabe uma música ainda em processo de composição cuja integridade ainda está por vir.

Pindzim viu uma Céu cada vez melhor no palco, algo corriqueiro em se tratando dela, como se fosse fácil ir sempre mais além a cada passo. A cantora citou uma expressão eternizada pelo mestre Paulinho da Viola que talvez explique tal disposição: meu tempo é hoje. Céu é a cantora do agora. Sua música é aberta a imprevisibilidade, vai adquirindo novas formas no instante único de cada execução. Em uma brecha aberta pela cantora nos vocais, o DJ Marco insere a segunda voz, impõem idas e vindas através dos scratches, até que ambas as vozes encontrem-se em uníssono. A melodia conduzida pela voz em intercâmbio com o teclado de Guilherme Ribeiro. As variantes rítmicas determinadas pela bateria de Sérgio Machado e as múltiplas possibilidades percussivas de Bruno Buarque. Lucas Martins altenrando-se entre a gravidade densa do baixo e o suíngue malemolente da guitarra. Tudo girando em torno da voz. A cantora exalando segurança, simpatia e alegria ininterruptas ao longo da apresentação. Em uma troca bonita, espontaneamente, o público canta junto em trechos de "Lenda", "Malemolência" e "10 Contados". No bis, Céu rege o coro em "Bobagem", antes de se despedir de um público extasiado. Se Pindzim pudesse dizer uma frase única para cantora seria: "não se atrase na volta, não! Não, não, não, não."

Céu apresentou todas as músicas do disco de estréia, exceto "Samba na Sola" e "Valsa para Biu Roque", com destaque para a nem sempre tocada ao vivo "Véu da Noite", levada em um improviso jazzístico onde brilha o virtuosismo dos músicos que a acompanham. O já nem tão novo ragga, para quem acompanha atentamente a carreira da cantora, seja nos shows ou através do Youtube, ganhou nome: "Sonâmbulo". O melhor é que esta grande apresentação poderá ser revista, gravada e eternizada pois foi registrada pelas câmeras do Bem Brasil e vai ao ar em 22 de setembro na TV Cultura.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Notas musicais - Cantoras

Esta postagem marca a volta de Pindzim à atividade. A partir de hoje, os leitores que passarem por aqui encontrarão atualizações mais constantes como nos tempos idos.

Novo disco de Roberta Sá vaza na internet
Desde ontém circula na rede, a partir da comunidade dedicada à cantora no Orkut, o ainda inédito Que belo estranho dia para se ter alegria, segundo disco de Roberta Sá. Baixando no momento, comentários em breve. O lançamento oficial acontece em São Paulo, nos dias 17 e 18 de agosto, no Tom Jazz. Com título retirado da letra de música de Lula Queiroga, autor de “Ah se eu vou”, melhor canção do disco de estréia da cantora, a segunda vinda de Roberta contempla principalmente compositores contemporâneos como Júnio Barreto ("O pedido"), Rodrigo Maranhão ("Samba de Um Minuto"), Edu Krieger ("Novo Amor"), Moreno Veloso (“Mais Alguém”) e Pedro Luís (“Girando na Renda”, "Fogo e Gasolina" e "Samba do Amor e Ódio"). Há canções de veteranos - o injustamente pouco conhecido Roque Ferreira (”Laranjeira”) e a dupla Délcio Carvalho e Dona Ivone Lara ("Cansei de Esperar Você"). Regravações de sucessos obscurecidos pela sombra do tempo - “Alô Fevereiro”, de Sidney Miller, e "Interessa", de Carvalhinho. E ainda a primeira música assinada pela cantora, em parceria com Pedro Luís, "Janeiros". O repertório promete. A primeira impressão a respeito das novas músicas em apresentação ao vivo é de que ainda falta intimidade entre a cantora e as novas música. Foi assim com Braseiro. Há de ser uma questão de tempo. Vale conferir.


Alessandra Leão é contemplada pelo programa Petrobrás Cultural
A cantora pernambucana Alessandra Leão vai realizar uma turnê por algumas capitais do Nordeste e gravará disco novo com patrocínio da Petrobrás. As cidades que vão receber Alessandra e sua banda são Recife, São Luiz, Salvador e Fortaleza. As datas dos shows ainda não foram definidas. Já a produção do disco, sucessor do ótimo Brinquedo de Tambor, encontra-se em fase embrionária. Alessandra está montando o repertório, que será composto fundamentalmente por canções de sua própria autoria. A produção musical e os arranjos percussivos ficarão a cargo da própria cantora e do músico e produtor Caçapa. Ele, por sua vez, cuidará dos arranjos de cordas, repetindo a parceria firmada no primeiro disco.