Este blog começou com a encarnação de um personagem que era um avatar inspirado no grande Pixinguinha. Se apresentava da seguinte forma: "estou morto, mas a música me faz onipresente". E eis que nestes últimos meses (leia-se: desde o começo deste ano) foi justamente a música que praticamente sepultou meu personagem fictício. Nascido como subterfúgio para que eu pudesse exercer a crítica sem revelar minha real identidade, o bom mas não tão velho Pindzim parece ter perdido o sentido que lhe garantia a existência.
Desde meados de 2008, ao lado do parceiro Pablo Francischelli, desenvolvi um projeto audiovisual para levar à televisão os novos compositores da música brasileira. Em julho daquele ano gravamos um piloto com Edu Krieger e Rodrigo Maranhão que garantiu uma primeira temporada com 13 episódios. Nascia o Pelas Tabelas.
Neste ano levamos a cabo a segunda temporada. Ao contrário da primeira, a curadoria ficou totalmente sob nossa responsabilidade. Nosso foco foi a cena paulistana, com 8 dos 13 programas tendo sido gravados lá. Construímos uma obra e obtivemos algum (bom) reconhecimento. Ao fim e ao cabo, foram 26 programas em que retratamos 58 compositores da brilhante geração atual da música brasileira. E, alvíssaras, rendeu frutos para esta geração em termos de difusão audiovisual, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, vide o Compacto, patrocinado pela Petrobrás, e os micro-documentários do Natura Musical.
Nesse meio tempo, pequenos trabalhos relacionados à música surgiram, como a série de vídeos com Yamandu Costa e Guto Wirtti e o vídeo-release do segundo disco de Edu Kriegere o blog foi ficando de lado, relegado às poucas horas vagas. O mesmo aconteceu com a Tuba do Pindzim, hoje ameaçada de extinção por duas denuncias de violação de direitos autorais, ambas por parte da Sony Music. A primeira, em razão de um vídeo da cantora Ana Cañas; a segunda, um registro do primeiro show solo de Marcelo Camelo em Juiz de Fora. E assim a motivação para atualizá-la se perdeu. Restam vídeos inéditos, mas não sei se os colocarei no ar.
É como se os tempos de amadorismo apaixonado tenham ficado pra trás. Com o Pelas Tabelas, minha persona real acabou aparecendo e o personagem perdeu o sentido. Levo na bagagem o seu legado, Pindzim, e não apagarei o seu nome. Que continue sendo a marca deste blog e uma lembrança permanente, como a música que o fez (ou faz) onipresente.
Os próximos passos serão fazer uma reformulação geral no visual do blog para aos poucos ir retomando os textos críticos e especialmente os informativos, enquanto eu e Pablo vamos tocando nossos novos projetos audiovisuais.
Este é o último texto assinado sob a alcunha de Pindzim. Em seguida, quem assume sou eu mesmo, em carne e osso: Caio Jobim. Sejam benvindos!
Agô!