Foi divulgada na madrugada de ontém a programação da edição 2008 do Humaitá pra Peixe. A escalação não trouxe grandes surpresas além do que já havia sido divulgado em off pelo idealizador do festival, Bruno Levinson, na comunidade do festival no Orkut, ou pelos próprios artistas, em suas páginas no Myspace. A expectativa maior fica por conta dos shows que serão realizados às segundas no palco do Cinematèque Jam Club, denominados talk-shows, sem maiores explicações a respeito do que a expressão realmente significa. Nomes conhecidos, como Moska e Mart'nália, Pedro Luis e Rodrigo Maranhão, Toni Garrido e Davi Moraes e o trio +2, vão se apresentar em duplas, exceção feita aos últimos, compondo a programação deste espaço complementar ao espaço principal, a Sala Baden Powell, em Copacabana, que concentra os artistas independentes que caracterizam o perfil do festival. Vamos aos destaques de Pindzim:
04/01 - Roberta Sá - Samba Novo e outras bossas
O primeiro final de semana do festival, na Sala Baden Powell, concentra as atrações mais interessantes da edição 2008. Na noite de abertura, dedicada ao samba e à MPB, apresentam-se Raphael Gemal e Roberta Sá. Sucesso absoluto de público e crítica, a cantora potiguar radicada no Rio de Janeiro não parece se enquadrar no perfil histórico do festival, justamente por se tratar de uma artista já consagrada. E também por ser uma figurinha fácil nos palcos cariocas. Assim, causou surpresa quando ela avisou, em sua última apresentação no Circuito Original, que seu próximo show seria na Sala Baden Powell, no dia quatro de janeiro. Calendário na mão, opa, abertura do Humaitá pra Peixe. Mas Roberta é sempre bem-vinda. Com certeza vai ser uma das noites mais concorridas do festival. Raphael Gemal é um sambista que está na pista há algum tempo, não é nenhum novato, embora ainda não tenha se destacado no processo de renovação do samba a partir da Lapa. Assim como Roberta, integrou o disco coletivo Samba Novo, produzido por Rodrigo Maranhão. No próprio álbum, há artistas mais interessantes à primeira audição, como por exemplo Hamilton de Souza, mas o show no Humaitá será uma boa oportunidade para conhecer Gemal.
05/01 - Do Amor e Vanguart - A grande noite
A segunda noite traz os cariocas do Do Amor, que reúne Ricardo Dias Gomes, no baixo, e Marcelo Callado, na bateria, ambos da atual banda roqueira de Caetano Veloso, mais Benjão e Gabriel Bubu, o quinto hermano, nas guitarras. Todos se revezam nos vocais. No Humaitá, eles devem ir além do repertório do Ep lançado no meio deste ano, revelando um painel mais consistente da musicalidade do conjunto. Fechando a noite, se apresenta o Vanguart, informação que foi divulgada aqui no Blog do Pindzim há alguns dias atrás. Sem dúvida, trata-se do grande fenômeno do rock independente brasileiro no momento, fator que, agregado ao peso do festival neste circuito, vai ser fundamental para que a banda conquiste mais fãs cariocas. Pindzim aposta no Vanguart como candidato a melhor show do festival. Melhor no sentido de mais energético, empolgante e apaixonado, excluídas aí questões de gosto musical.
06/01 - Maquinado - homem-zumbi binário
No domingo, dia 6, Lucio Maia se junta a alguns de seus companheiros de Nação Zumbi para apresentar o show de seu projeto solo, o Maquinado. Acompanhado de Dengue, no baixo, e Toca Ogan, na percussão, mais o DJ PG, o melhor guitarrista do Brasil vai reproduzir ao vivo as experimentações de Homem Binário pela primeira vez no Rio. Além das naturais expectativas pelo show em si, há também a curiosidade de saber quem serão os convidados especiais de Lucio aqui no Rio. Em Sampa, normalmente o acompanham o cidadão instigado Fernando Catatau, Rodrigo Brandão, do Mamelo Sound System, entre outros.
19/01 - Z'áfrica Brasil - quilombo invencível
Z'áfrica Brasil é uma das grandes bandas do rap brasileiro. Próximo do coletivo Instituto, o grupo paulista mistura scratches e programações na criação das bases para as letras de forte conotoção política que fazem a ponte entre as tradições quilombolas do passado e a realidade das favelas do presente. Em 2007, a banda lançou dois álbuns, Tem Cor Age, e Verdade e Traumatismo. Z'áfrica Brasil é a melhor surpresa da programação, uma vez que todas as outras destacadas acima já haviam sido divulgadas anteriormente.
Cinematèque Jam Club
Na programação do Cinematèque Jam Club, as escolhas ficam ao gosto do freguês. Rodrigo Maranhão e Pedro Luis devem fazer a noite mais interessante, afinal, os dois são parceiros em algumas composições e uma possível interação entre eles deverá acontecer naturalmente. Ademais, Rodrigo Maranhão lançou um dois mais belos discos de 2007, Bordado. E do +2, de Kassin, Moreno e Domênico, sempre se pode esperar boas surpresas musicais.
Tiro ao Álvaro
Entre as apostas, Pindzim arriscaria o Manacá , cujos bem produzidos vídeos disponíveis no Youtube despertaram-me algum interesse; a divertida folia carnavalesca do Songoro Cosongo, que se apresenta na mesma noite que o Z'áfrica Brasil; a variedade de ritmos brasileiros de Oswaldo G. Pereira; e o Fino Coletivo em seu flerte entre o samba e o rock. A se lamentar, a ausência de representantes da cena pernambucana, onde sempre há boa música florescendo. Da mais recente safra, Pindzim destaca: Mula Manca e a Fabulosa Figura, Academia da Berlinda e Siba e a Fuloresta.
Atividades paralelas e transmissão online
Outras novidades do Humaitá pra Peixe 2008 são as atividades paralelas. No bar Mofo, às terças, haverá debates sobre os diversos desdobramentos da música independente no Brasil. A cada quarta-feira, haverá um workshop prático com feras como João Barone e Chico Neves, cujas inscrições já estão abertas aqui. E o Oi Futuro vai servir de base de lançamento de novos discos de Os Outros, Columbia, Vulgo Quinho & Os Cara e Quito Ribeiro, sempre às quintas. Mas a notícia mais legal é que todos os shows do festival serão transmitidos ao vivo em http://www.humaitaprapeixe.com.br/.
Confira a programação completa do festival e outras informações em http://www.pilastra.com.br/. Os peixes estão se espalhando para muito além do humaitá.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Livro: A História dos Novos Baianos e Outros Versos
Biografia em versos de cordel
A história dos Novos Baianos ganha uma segunda biografia escrita por um dos integrantes que viveu aquela história. A primeira, "Anos 70: Novos e Baianos", editada na década de 90 pela Editora 34 - atualmente fora de catálogo - foi escrita pelo letrista Galvão em um tom memorialístico. O poeta da trupe conta a história da banda passo a passo, esmiuça os principais eventos, revela outros menos conhecidos, além de trazer diversas fotos, e, por essas razões, muito provavelmente, é a biografia definitva dos Novos Baianos.
Por cobrança dos fãs, Moraes Moreira resolveu escrever a sua versão da história, mas sabia que seria inóquo repetir o formato utilizado por Galvão. Então, ele resolveu traduzir a experiência dos Novos Baianos em versos de literatura de cordel. O resultado é um relato carregado de emoção em que se pode reviver as venturas e desventuras de uma banda cujo legado não se resume unicamente à sua obra musical. Foi também a única banda que levou a cabo o ideal hippie dividindo igualmente os prazeres e os dissabores de levar uma vida em comunidade.
Os Novos Baianos quebraram paradigmas da música brasileira ao inserir baixo, bateria e guitarras elétricas no samba. Acabou Chorare, clássico definitivo que no mês passado foi escolhido o melhor disco brasileiro de todos os tempos em eleição promovida pela Rolling Stone brasileira, marca o encontro do pop com a tradição sob a a benção de João Gilberto. Uma mistura que vem dando o tom da melhor música brasileira produzida nos dias de hoje, desde a retomada engendrada por Chico Science e Nação Zumbi, com o Mangue-bit, passando por Marcelo D2 e o hip-hop com samba, o rock do Los Hermanos, até Marisa Monte, aquela que mais abertamente assumiu a herança dos Novos Baianos.
Mais do que o livro, é o disco que o acompanha que revive a aura mítica da experiência de ter sido um novo baiano. Após uma breve introdução em que contextualiza a época do tal advento, Moraes assume a condição de narrador e vira personagem de sua própria história para recitar em versos a saga dos Novos Baianos, que é, ao mesmo tempo, "poema, drama, tragédia... cordel, divina comédia". Cada momento ilustrado com o trecho instrumental da música correspondente.
"A História dos Novos Bainos e Outros Versos" não tem a pretensão de ser um relato de valor documental. É, antes de qualquer coisa, um tributo afetivo a cada um dos seus companheiros de jornada: Galvão, Paulinho, Baby, Pepeu, Jorginho, Dadi, Baixinho, Gato, Negrita e as coadjuvantes, mas não menos importantes, Marílias-mulheres que os acompanhavam naquele ideal comunitário. Este sentimento permeia toda a narrativa, mas fica ainda mais claro na passagem em que Moraes justifica a sua saída da banda.
Os versos citam também alguns personagens que foram importantes ao longo da epopéia, como Tom Zé, que o apresentou a Galvão; Caetano e Gil, a quem a banda acompanhou no show de despedida antes deles partirem para o exílio; João Gilberto, cujo convívio foi fundamental para a concepção de Acabou Chorare; Gal Costa, que frequentava a cobertura da Conde de Irajá, em Botafogo, e inclui "Dê um rolê" no repertório do histórico show "Fatal".
Como complemento à História dos Novos Baianos, o livro compila as letras das canções da carreira solo de Moraes. Muitas trazem sucintas notas de rodapé falando explicando as circunstâncias em que foram feitas e sob qual inspiração.
Se é um deleite ouvir o disco em casa folheando as páginas do livro, melhor ainda é assistir ao show no qual ele resultou e que foi apresentado pela primeira vez na última segunda-feira, no Allegro Bistrô Musical da Modern Sound. Embora "A História dos Novos Baianos" não seja recitada na íntegra devido à longa duração, é delicioso ouvi-lo recitar alguns trechos entremeados pelas canções que compõem esta bela história levadas apenas por Moraes e seu violão na companhia do filho Davi e sua guitarra. Nesta primeira apresentação houve ainda a participação especial de Baby - em "A Menina Dança", "Tinindo Trincando" e "A casca de banana que eu pisei" - e Pepeu, em "Um Bilhete pra Didi" e "Eu também quero beijar". Uma celebração que não foi uma volta ao passado, mas sim um brinde à história da música brasileira.
Na sexta-feira e no sábado, Moraes Moreira apresenta no Estrela da Lapa o show de lançamento do livro "A História dos Novos Baianos e Outros Versos". O livro estará a venda no local e após o show haverá sessão da autógrafos. Pindzim recomenda, tanto o show quanto o livro.
Serviço:
Moraes Moreira no Estrela da Lapa
Data e Horário: Sexta, 7, e Sábado, 8 de Dezembro - 22:00
Endereço: Avenida Mem de Sá, 69 - Lapa
Reservas: 2509.7602 - 2507.6686
Preço: R$ 30,00
A história dos Novos Baianos ganha uma segunda biografia escrita por um dos integrantes que viveu aquela história. A primeira, "Anos 70: Novos e Baianos", editada na década de 90 pela Editora 34 - atualmente fora de catálogo - foi escrita pelo letrista Galvão em um tom memorialístico. O poeta da trupe conta a história da banda passo a passo, esmiuça os principais eventos, revela outros menos conhecidos, além de trazer diversas fotos, e, por essas razões, muito provavelmente, é a biografia definitva dos Novos Baianos.
Por cobrança dos fãs, Moraes Moreira resolveu escrever a sua versão da história, mas sabia que seria inóquo repetir o formato utilizado por Galvão. Então, ele resolveu traduzir a experiência dos Novos Baianos em versos de literatura de cordel. O resultado é um relato carregado de emoção em que se pode reviver as venturas e desventuras de uma banda cujo legado não se resume unicamente à sua obra musical. Foi também a única banda que levou a cabo o ideal hippie dividindo igualmente os prazeres e os dissabores de levar uma vida em comunidade.
Os Novos Baianos quebraram paradigmas da música brasileira ao inserir baixo, bateria e guitarras elétricas no samba. Acabou Chorare, clássico definitivo que no mês passado foi escolhido o melhor disco brasileiro de todos os tempos em eleição promovida pela Rolling Stone brasileira, marca o encontro do pop com a tradição sob a a benção de João Gilberto. Uma mistura que vem dando o tom da melhor música brasileira produzida nos dias de hoje, desde a retomada engendrada por Chico Science e Nação Zumbi, com o Mangue-bit, passando por Marcelo D2 e o hip-hop com samba, o rock do Los Hermanos, até Marisa Monte, aquela que mais abertamente assumiu a herança dos Novos Baianos.
Mais do que o livro, é o disco que o acompanha que revive a aura mítica da experiência de ter sido um novo baiano. Após uma breve introdução em que contextualiza a época do tal advento, Moraes assume a condição de narrador e vira personagem de sua própria história para recitar em versos a saga dos Novos Baianos, que é, ao mesmo tempo, "poema, drama, tragédia... cordel, divina comédia". Cada momento ilustrado com o trecho instrumental da música correspondente.
"A História dos Novos Bainos e Outros Versos" não tem a pretensão de ser um relato de valor documental. É, antes de qualquer coisa, um tributo afetivo a cada um dos seus companheiros de jornada: Galvão, Paulinho, Baby, Pepeu, Jorginho, Dadi, Baixinho, Gato, Negrita e as coadjuvantes, mas não menos importantes, Marílias-mulheres que os acompanhavam naquele ideal comunitário. Este sentimento permeia toda a narrativa, mas fica ainda mais claro na passagem em que Moraes justifica a sua saída da banda.
Os versos citam também alguns personagens que foram importantes ao longo da epopéia, como Tom Zé, que o apresentou a Galvão; Caetano e Gil, a quem a banda acompanhou no show de despedida antes deles partirem para o exílio; João Gilberto, cujo convívio foi fundamental para a concepção de Acabou Chorare; Gal Costa, que frequentava a cobertura da Conde de Irajá, em Botafogo, e inclui "Dê um rolê" no repertório do histórico show "Fatal".
Como complemento à História dos Novos Baianos, o livro compila as letras das canções da carreira solo de Moraes. Muitas trazem sucintas notas de rodapé falando explicando as circunstâncias em que foram feitas e sob qual inspiração.
Se é um deleite ouvir o disco em casa folheando as páginas do livro, melhor ainda é assistir ao show no qual ele resultou e que foi apresentado pela primeira vez na última segunda-feira, no Allegro Bistrô Musical da Modern Sound. Embora "A História dos Novos Baianos" não seja recitada na íntegra devido à longa duração, é delicioso ouvi-lo recitar alguns trechos entremeados pelas canções que compõem esta bela história levadas apenas por Moraes e seu violão na companhia do filho Davi e sua guitarra. Nesta primeira apresentação houve ainda a participação especial de Baby - em "A Menina Dança", "Tinindo Trincando" e "A casca de banana que eu pisei" - e Pepeu, em "Um Bilhete pra Didi" e "Eu também quero beijar". Uma celebração que não foi uma volta ao passado, mas sim um brinde à história da música brasileira.
Na sexta-feira e no sábado, Moraes Moreira apresenta no Estrela da Lapa o show de lançamento do livro "A História dos Novos Baianos e Outros Versos". O livro estará a venda no local e após o show haverá sessão da autógrafos. Pindzim recomenda, tanto o show quanto o livro.
Serviço:
Moraes Moreira no Estrela da Lapa
Data e Horário: Sexta, 7, e Sábado, 8 de Dezembro - 22:00
Endereço: Avenida Mem de Sá, 69 - Lapa
Reservas: 2509.7602 - 2507.6686
Preço: R$ 30,00
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Vanguart confirmado no Humaitá pra Peixe
Vem chegando o verão e vai crescendo a expectativa a repeito da escalação da próxima edição do Humaitá pra Peixe. O melhor e mais legal festival de música independente do Rio de Janeiro acontece entre os dias 4 e 31 de janeiro e este ano terá como base a Sala Baden Powell, em Copacabana, uma vez que a reforma do Teatro Sérgio Porto após o incêndio do qual foi vítima, ao que parece, ainda nem começou. Embora não tenha sido divulgada a programação completa do evento, alguns peixes já vieram à tona. O Vanguart, com justiça a banda mais badalada do circuito independente brasileiro atualmente, é um deles. Os matogrossenses vão se apresentar no festival ao lado do Do Amor.
Nos últimos quatro meses, a banda se apresentou três vezes no Rio de Janeiro, então causa alguma surpresa o fato de que eles tenham sido escalados para o Humaitá pra Peixe, um festival que costuma privilegiar bandas de fora do Rio que sejam inéditas, ou quase, nos palcos da cidade. Se por si só a música justifica a escalação do Vanguart, o show cancelado na última edição do Tim Festival é outro bom motivo. É possível que com a apresentação no Humaitá a banda conquiste mais fãs cariocas, que ainda são poucos, como se pôde verificar nos shows de novembro no Cinematèque Jam Club.
Este ano o Vanguart lançou seu primeiro disco oficial - já havia lançado outros dois em esquema artesanal, além de ter lançado algumas canções diretamente na internet, através do Trama Virtual. A distribuição digital e as apresentações enrgéticas de Hélio Flanders e seus comparsas no circuito brasileiro de festivais popularizaram a banda no contexto da cena independente brasileira. Vanguart traz as primeiras músicas da banda em português, além dos hits "Semáforo", "Cachaça" e "Hey yo Silver", uma em espanhol, "Los Chicos de Ayer", e a primeira na voz do baixista Reginaldo Lincoln, "Beloved".
Após os clássicos iniciais distribuídos entre as quatro primeiras faixas do disco, as demais canções forjam uma unidade estética em que as influências da banda ficam menos evidentes. O folk eletro-acústico encontra a melancolia do rock inglês para além dos Beatles, especialmente na temática das letras, que versam sobre desencontros amorosos, e na voz de Hélio Flanders, emoldurada por uma guitarra limpa e um violão tranquilo. Ao mesmo tempo que conferem uma identidade sonora própria à banda, as músicas do disco homônimo reduzem o variado espectro sonoro constituído pelas canções mais antigas de Hélio Flanders. A levada folk-rock de "Into the ice" e "Blood Talnkin", a fúria punk de "Last Express Blues", o violão dedilhado de "Rainy day song", a proeminência do teclado de "My last days of romance" e a circularidade de "Spanish Woman" foram dissipadas ao longo das 14 músicas do disco.
Assim que é no palco, onde o repertório funde estas, digamos, duas vertentes, que se sente toda a força e a originalidade da música do Vanguart. Tudo indica que este ano a pescaria vai ser boa. Pelo menos um peixão já está garantido.
Nos últimos quatro meses, a banda se apresentou três vezes no Rio de Janeiro, então causa alguma surpresa o fato de que eles tenham sido escalados para o Humaitá pra Peixe, um festival que costuma privilegiar bandas de fora do Rio que sejam inéditas, ou quase, nos palcos da cidade. Se por si só a música justifica a escalação do Vanguart, o show cancelado na última edição do Tim Festival é outro bom motivo. É possível que com a apresentação no Humaitá a banda conquiste mais fãs cariocas, que ainda são poucos, como se pôde verificar nos shows de novembro no Cinematèque Jam Club.
Este ano o Vanguart lançou seu primeiro disco oficial - já havia lançado outros dois em esquema artesanal, além de ter lançado algumas canções diretamente na internet, através do Trama Virtual. A distribuição digital e as apresentações enrgéticas de Hélio Flanders e seus comparsas no circuito brasileiro de festivais popularizaram a banda no contexto da cena independente brasileira. Vanguart traz as primeiras músicas da banda em português, além dos hits "Semáforo", "Cachaça" e "Hey yo Silver", uma em espanhol, "Los Chicos de Ayer", e a primeira na voz do baixista Reginaldo Lincoln, "Beloved".
Após os clássicos iniciais distribuídos entre as quatro primeiras faixas do disco, as demais canções forjam uma unidade estética em que as influências da banda ficam menos evidentes. O folk eletro-acústico encontra a melancolia do rock inglês para além dos Beatles, especialmente na temática das letras, que versam sobre desencontros amorosos, e na voz de Hélio Flanders, emoldurada por uma guitarra limpa e um violão tranquilo. Ao mesmo tempo que conferem uma identidade sonora própria à banda, as músicas do disco homônimo reduzem o variado espectro sonoro constituído pelas canções mais antigas de Hélio Flanders. A levada folk-rock de "Into the ice" e "Blood Talnkin", a fúria punk de "Last Express Blues", o violão dedilhado de "Rainy day song", a proeminência do teclado de "My last days of romance" e a circularidade de "Spanish Woman" foram dissipadas ao longo das 14 músicas do disco.
Assim que é no palco, onde o repertório funde estas, digamos, duas vertentes, que se sente toda a força e a originalidade da música do Vanguart. Tudo indica que este ano a pescaria vai ser boa. Pelo menos um peixão já está garantido.
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