Nos últimos quatro meses, a banda se apresentou três vezes no Rio de Janeiro, então causa alguma surpresa o fato de que eles tenham sido escalados para o Humaitá pra Peixe, um festival que costuma privilegiar bandas de fora do Rio que sejam inéditas, ou quase, nos palcos da cidade. Se por si só a música justifica a escalação do Vanguart, o show cancelado na última edição do Tim Festival é outro bom motivo. É possível que com a apresentação no Humaitá a banda conquiste mais fãs cariocas, que ainda são poucos, como se pôde verificar nos shows de novembro no Cinematèque Jam Club.
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Após os clássicos iniciais distribuídos entre as quatro primeiras faixas do disco, as demais canções forjam uma unidade estética em que as influências da banda ficam menos evidentes. O folk eletro-acústico encontra a melancolia do rock inglês para além dos Beatles, especialmente na temática das letras, que versam sobre desencontros amorosos, e na voz de Hélio Flanders, emoldurada por uma guitarra limpa e um violão tranquilo. Ao mesmo tempo que conferem uma identidade sonora própria à banda, as músicas do disco homônimo reduzem o variado espectro sonoro constituído pelas canções mais antigas de Hélio Flanders. A levada folk-rock de "Into the ice" e "Blood Talnkin", a fúria punk de "Last Express Blues", o violão dedilhado de "Rainy day song", a proeminência do teclado de "My last days of romance" e a circularidade de "Spanish Woman" foram dissipadas ao longo das 14 músicas do disco.
Assim que é no palco, onde o repertório funde estas, digamos, duas vertentes, que se sente toda a força e a originalidade da música do Vanguart. Tudo indica que este ano a pescaria vai ser boa. Pelo menos um peixão já está garantido.
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