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Romulo Fróes se aproximou de Curumin por uma questão prática. Ia gravar o seu segundo disco e queria que algumas músicas tivessem bateria. Através de um amigo comum, foram apresentados e já nesse primeiro encontro rolou o convite por parte de Romulo, prontamente aceito por Curumin. No estúdio, instruído por Romulo , Curumin concebeu o que Romulo chama de bateria de 7 cordas introduzindo ritmos quebrados, estranhos ao samba tradicional.
Vem daí uma certa resistência que os sambistas mais antigos foram nutrindo em relação ao som de Romulo até chegarem ao ponto de abandoná-lo. Cão não foi levado aos palcos por falta de banda, mas também porque quando finalmente o disco foi lançado, Romulo já não estava mais interessado naquele conjunto de canções. Hoje, reconhece que era um disco de transição entre o samba triste de Calado e as múltiplas convenções musicais que viria a desafiar e desconstruir acompanhado por um power trio roqueiro em No Chão sem o Chão, lançado este ano.
O elo entre um momento e outro, involuntariamente, acabou sendo Curumin. Embora não assine nenhuma das 33 composições inéditas do novo disco, Curumin é responsável direto pela nova identidade sonora de Romulo. Por exemplo, Minha Casa, originalmente um samba, foi transformado em um ska pela levada sugerida pelo baterista, conta Romulo. E se o álbum resultou em um conjunto de canções distante do universo musical de Curumin, permitiu a ele desfiar o mais impressionante repertório rítmico de um disco brasileiro em muito tempo.
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No encontro entre os dois no estúdio YB, Romulo pegou uma guitarra, fato nunca antes visto, para tocar "Pra Quem Me Quer Assim" e "Amor Antigo". Na primeira Curumin o acopanha em um set de bateria reduzido, e na segunda, com uma escaleta. Juntos, fazem uma versão caótica de "Caixa Preta".
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