segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Moraes X Jornalista - Novos Baianos ainda causam polêmica

Havia desistido da Trip por total falta de interesse em suas pautas, mas comprei a edição atualmente nas bancas por causa da capa com os Novos Baianos. Ao folhear a matéria, de cara me senti enganado. Uma reunião da banda sem a participação de Moraes Moreira e Pepeu Gomes pode ter lá seu valor histórico, mas o uso do nome Novos Baianos para divulgá-la constitui uma fraude. De antemão eu sabia que a assinatura de Pedro Alexandre Sanches era a garantia de que algum veneno seria destilado naquelas páginas e me pus a lê-las. Ao final da leitura, confirmei minha expectativa: texto descartável e irrelevante. Mas eis que a reportagem ganhou inesperada sobrevida na internet devido a uma carta-resposta assinada pelo próprio Moraes.

Você pode acompanhar a polêmica aqui. Motivado pelo conjunto da obra, com direito a tréplica do injustiçado jornalista, fiz o seguinte comentário na seção destinada a opinião dos leitores:

A reportagem em si nada traz de novidade, até porque os Novos Baianos há muito tempo não têm nada de novo pra contar. Quem quiser conhecer a fundo esta história que recorra diretamente à fonte através do livro Anos 70: Novos e Baianos, escrito por Galvão e publicado pela Ed. 34, hoje disponível apenas nos melhores sebos do Brasil. O único mérito do texto foi ter suscitado este revelador debate entre o artista (Moraes) e os seus algozes da mídia (no caso, Pedro Alexandre).

Para se ter uma ideia, o vídeo da TV Trip se presta perfeitamente ao papel de equivalente audiovisual da reportagem: você já viu e leu isso antes muitas e muitas vezes - porém em versões bem melhores.



De um lado, o velho baiano deu um longo depoimento muito mais revelador do que teriam sido uma ou duas aspas soltas no corpo da matéria, caso ele tivesse comparecido ao encontro, sobre o estado atual das relações entre os antigos companheiros. Do outro, escancara a mediocridade - salvo raras exceções - do jornalismo cultural brasileiro baseado em um certo padrão sempre em voga lá pelos lados da Alameda Barão de Limeira, sede da Folha de São Paulo. A saber, o de criar polêmicas artificiais de baixo valor cultural e/ou informativo tratando-as como se fossem furos de reportagem.

Não é de se estranhar, afinal, PAS deve muito - se não todo - do seu prestígio à referida empresa (a qual hoje critica por entender que as denúncias de corrupção no seio do governo federal da cobertura política da campanha presidencial baseiam-se em factóides contra a sua virtualmente eleita candidata, expediente que ele volta e meia usa, como no caso em questão, para apimentar os textos que assina). Certamente não foram seus dois livros sobre as obras de Roberto Carlos (Como Dois e Dois são Cinco), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Paulinho da Viola e Jorge Ben (Tropicalismo: A decadência bonita do samba) que lhe conferem o status que hoje goza para dizer-se "free-lancer", ou seja, em tradução livre na cartilha do "óbvio-lulante", liberto dos grilhões dos grandes conglomerados de mídia. Ambas as obras não passam de análises pré-concebidas das carreiras dos respectivos compositores a partir de interpretações superficiais e arbitrárias das letras de suas canções.

É engraçado que este padrão Folha de jornalismo, que PAS hoje tanto critica, me pareça bastante similar àquele que ele costumava praticar quando era titular da Ilustrada e não perdia oportunidade para se envolver em polêmicas com o então "ultrapassado" e "careta" Caetano Veloso. (Quem sabe, PAS não tenha algum mérito na guinada elétrica deste outro compositor baiano com quem adorava se indispor?)

Fazer-se de vítima das circunstâncias para assumir-se como personagem de textos jornalísticos de outro modo desprovidos de valor é a sua especialidade. E não é de hoje, não. É assim desde os tempos bicudos (e tucanos) do governo FHC. Porém, ao contrário de seus grandes ídolos da esquerda brasileira, sua notoriedade passa ao largo das grandes massas. Restringe-se aos diretores de redação e aos donos de jornais e revistas, o que, no restrito universo do jornalismo brasileiro, não chega a ser nada mal.

2 comentários:

Anônimo disse...

Заманчивая идея, как долго ожидать публикации обновлённого материала и вообщем стоит ждать ?

Anônimo disse...

necessita di verificare:)