quinta-feira, 29 de maio de 2008

Prêmio Tim: Rodrigo Maranhão vence em duas categorias

Artista onipresente nestas páginas virtuais, Rodrigo Maranhão merece todos os louvores deste maestro virtual pelos troféus de Melhor Cantor Regional e Revelação do Prêmio Tim 2008 recebidos agora há pouco no nobre palco do Teatro Municipal. Se o Grammy por "Caminho das Águas" ainda não fosse o bastante, agora, definitivamente, o compositor saiu da casca pra tocar na rádio, encher os teatros e encantar mais e mais os ouvidos atentos à beleza de canções que não precisam de nada além de voz e violão para emocionar.

"Quando canta é pra salvar
Quando fala é pra avisar
Quando chega é pra arrastar
as cabeças do lugar
Quando chega é pra encantar
Meu eterno e santo lar..."
(Ciranda)

Os prêmios são para ele, Rodrigo, mas quem ganha é a música brasileira.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Amanhã tem Raphael Gemal em Copacabana

Raphael Gemal faz um som que não se adequa a ouvidos adestrados pelas facilidades do pop ou pela tradição da MPB. Como compositor, constrói harmonias com acordes inomináveis, mistura referências que vão do samba ao blues sem sequer tangenciar os clichês de um gênero ou de outro. Sua poesia é suja e agressiva, reflexo das atribuições do cotidiano em um ambiente urbano. A fuga para a natureza se apresenta como a única alternativa, ainda esporádica, nos ínterins do ritmo urbano escravizante. A chuva na serra libera o cheiro da rosa, faz exalar o capim limão; faz corrediças as águas do ribeirão; faz-se som à luz de vela, à sombra do lampião. Os raios do sol no balanço do mar enfeita de contas vermelhas a rainha das ondas. Lua cheia como é cheio o fundo dos corações que não se deixam arrasar pela inapelável política diária de tédio, caos e destruição.

Amanhã, Raphael Gemal e sua Máquina - musical, que fique claro - se apresentarão no palco da Sala Baden Powell. Copacabana será ao mesmo tempo princesa, bandida e meretriz. Certeza é que vale conferir.

Local: Sala Baden Powell - Nossa Senhora de Copacabana, 360.
Horário: 19:30
Ingresso: R$ 14,00 / Lista amiga e estudante: R$ 7,00
Informações: 2548-0421

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Eddie no Teatro Odisséia hoje

A boa de hoje aqui no Rio, véspera de feriado, é o show do Eddie. A expectativa é que sejam apresentadas músicas novas que estarão no próximo disco da banda - sucessor de Metropolitano -, ainda sem previsão de lançamento.

Depois de uma apresentação no Cinematèque Jam Club, no fim do ano passado, o Eddie volta ao Teatro Odisséia. Sem dúvida o palco mais apropriado para a banda apresentar o seu original olinda style em terras cariocas. Veja abaixo um vídeo da última apresentação da banda no sobrado da Lapa, com a participação de China.



Local: Teatro Odisséia - Av. Mem de Sá 24, Lapa.
Horário: 23:00 (mas o show deve começar por volta da meia-noite)
Ingresso: R$ 15,00 / Lista amiga e estudante: R$ 10,00

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Edu Krieger e Rodrigo Maranhão juntos no palco (e nas telas)

Se este Blog do Pindzim andou abandonado no mês de abril, a culpa foi da dupla Edu Krieger e Rodrigo Maranhão. Mas por um bom motivo. Pindzim, em sua identidade física, está trabalhando em um projeto audiovisual que reúne a dupla de compositores. Por enquanto, trata-se de matéria para discussões na ilha de edição, ainda sem previsão de chegar às telas.

Por coincidência, ou não, Edu Krieger e Rodrigo Maranhão já tinham em mente a realização de um show em parceria cujo formato havia sido experimentado na véspera do carnaval deste ano em uma apresentação no Mistura Fina. Para os shows no Cinemathèque, convidaram o integrante comum às suas respectivas bandas - Marcelo Caldi acrescentou o acordeon aos arranjos de voz, violão e, as vezes, cavaquinho. Não houve necessidade de ensaios, já que o repertório de um é dominado pelo outro e vice-versa. O que se viu no palco foi um encontro de amigos, talvez no clima dos velhos tempos do jardim da Unirio, só que agora, muitos anos depois, diante de uma platéia cativa.

Quando as luzes se acendem, a sétima corda do violão de Krieger faz a marcação para o "Recado" de Maranhão. O samba sem instrumentos de percussão abole as convenções do gênero. Não há apoteose, apenas a canção. Segue assim com a melancolia de "Samba de Um Minuto". O contraponto entre o estrilar agudo das cordas do cavaquinho em oposição a gravidade do 7 cordas aproximam as músicas de sua essência harmônica e melódica. Seriam as composições completamente nuas, não fossem os floreios da baixaria e as variações rítmicas do cavaco. Então, Marcelo Caldi é convidado ao palco com seu acordeon, e o vai e vem do fole com seus altos e baixos constitui o magma sonoro do arranjo instrumental.

Desafio (Edu Krieger)


Encerro estas linhas com um número representativo do clima de intimidade em que transcorreu a noite do último sábado no Cinematèque. Trata-se de uma música de um jovem compositor, ainda nos seus 15 anos, com uma poética baseada em imagens aparentemente desconexas unidas apenas pela beleza e pela delicadeza dos versos. "Três Marias" veio a lembrança de Krieger como a primeira música apresentada por um então recém conhecido colega de faculdade chamado Rodrigo Maranhão. Já foi possível a ele reconhecer ali uma identidade estética e musical ainda inconsciente ao próprio compositor.

Três Marias (Rodrigo Maranhão)

Foi uma noite em que Edu Krieger e Rodrigo Maranhão abriram suas intimidades ao público. Brincadeiras a parte, o que se sobressaiu foram as músicas. Juntos, eles recriaram suas músicas de forma a destacar a carpintaria da composição. Krieger brilhou em seu momento solo e teve "Novo Amor" e a "Lua é Testemunha" entoadas em coro pela platéia. Maranhão cantou com os olhos fechados, um convite à transcendência, e apresentou novas canções - "Passageiro" e "Samba de Mar" - que deixam grandes expectativas pelo porvir. O que aqui não foi dito fica por ser visto e ouvido no próximo dia 24. Ao vivo não tem explicação!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Sonantes serão ouvidos antes no exterior

Se já haviam conseguido criar uma lenda virtual a partir de uma página no Myspace, chegou a hora de os Sonantes tomarem de assalto o espaço tridimensional. A dominação sonora terá início nos Estados Unidos e na Europa e já tem data marcada. O primeiro disco do projeto, nascido a partir da reunião da cantora Céu com Pupilo e Dengue, da Nação Zumbi, e Rica Amabis, do Instituto, por ocasião da gravação do disco do 3naMassa, e que conta ainda com a participação do compositor e produtor Gui Amabis, será lançado lá fora no dia 20 de maio, pela gravadora Six Degrees.

O processo de composição e gravação do disco obedeceu aos princípios da amizade e da afinidade musical entre cada um dos integrantes. "Devido à confiança mútua e à abertura a experimentação musical característica a todos os envolvidos no projeto, não foi nenhuma surpresa que o processo de composição do disco tenha rolado de uma forma imprevisível e descontraída", declarou Rica Amabis em depoimento no site da gravadora. Sempre que alguém apresentava uma canção, todos trabalhavam nela reunidos em torno do computador em um estúdio caseiro improvisado no apartamento do próprio Rica. Para Céu, seu disco de estréia era quase um "diário pessoal" e com os Sonantes ela quis fazer um som diferente, que não partisse exclusivamente da sua personalidade artística: "a idéia era que cada um cedesse o controle aos outros sem abrir mão de sua própria identidade musical, todos nós contribuímos com sugestões e idéias ao longo do processo".

Às já velhas conhecidas quatro músicas disponíveis no Myspace, uma nova foi adicionada esta semana. "Quilombo te Espera" remete à África. O batuque dos tambores ancestrais sob uma guitarra elíptica, a lírica de contornos épicos que evoca a resistência, ora pela força, em convocação à guerra, ora pela cultura, pelo rufar dos tambores que anunciam a sambada, em contraponto ao doce cantar de Céu.

Outras músicas que estarão no disco são "Toque de Coito", em que um sintetizador emula a sonoridade de uma guitarra elétrica misturada a elementos tradicionais da música brasileira. A faixa conta com a participação de Siba no vocal; "Mambobit" revisita o universo do samba-jazz; "Defenestrando" é um rock pulsante com múltiplas camadas de de baixo acústico e elétrico e um sintetizador analógico sci-fi que remete ao repertório do 3naMassa; "Frevo da Saudade", que está na coletânea Frevo do Mundo, lançada pela Candeeiro Records, também foi incluída no repertório do disco.

Até agora praticamente ignorado pela mídia brasileira, o disco dos Sonantes ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas logo, logo deve chegar aos fãs mais antenados via mp3. Enquanto isso, "Quilombo te Espera" pode ser baixada aqui.