quarta-feira, 14 de maio de 2008

Edu Krieger e Rodrigo Maranhão juntos no palco (e nas telas)

Se este Blog do Pindzim andou abandonado no mês de abril, a culpa foi da dupla Edu Krieger e Rodrigo Maranhão. Mas por um bom motivo. Pindzim, em sua identidade física, está trabalhando em um projeto audiovisual que reúne a dupla de compositores. Por enquanto, trata-se de matéria para discussões na ilha de edição, ainda sem previsão de chegar às telas.

Por coincidência, ou não, Edu Krieger e Rodrigo Maranhão já tinham em mente a realização de um show em parceria cujo formato havia sido experimentado na véspera do carnaval deste ano em uma apresentação no Mistura Fina. Para os shows no Cinemathèque, convidaram o integrante comum às suas respectivas bandas - Marcelo Caldi acrescentou o acordeon aos arranjos de voz, violão e, as vezes, cavaquinho. Não houve necessidade de ensaios, já que o repertório de um é dominado pelo outro e vice-versa. O que se viu no palco foi um encontro de amigos, talvez no clima dos velhos tempos do jardim da Unirio, só que agora, muitos anos depois, diante de uma platéia cativa.

Quando as luzes se acendem, a sétima corda do violão de Krieger faz a marcação para o "Recado" de Maranhão. O samba sem instrumentos de percussão abole as convenções do gênero. Não há apoteose, apenas a canção. Segue assim com a melancolia de "Samba de Um Minuto". O contraponto entre o estrilar agudo das cordas do cavaquinho em oposição a gravidade do 7 cordas aproximam as músicas de sua essência harmônica e melódica. Seriam as composições completamente nuas, não fossem os floreios da baixaria e as variações rítmicas do cavaco. Então, Marcelo Caldi é convidado ao palco com seu acordeon, e o vai e vem do fole com seus altos e baixos constitui o magma sonoro do arranjo instrumental.

Desafio (Edu Krieger)


Encerro estas linhas com um número representativo do clima de intimidade em que transcorreu a noite do último sábado no Cinematèque. Trata-se de uma música de um jovem compositor, ainda nos seus 15 anos, com uma poética baseada em imagens aparentemente desconexas unidas apenas pela beleza e pela delicadeza dos versos. "Três Marias" veio a lembrança de Krieger como a primeira música apresentada por um então recém conhecido colega de faculdade chamado Rodrigo Maranhão. Já foi possível a ele reconhecer ali uma identidade estética e musical ainda inconsciente ao próprio compositor.

Três Marias (Rodrigo Maranhão)

Foi uma noite em que Edu Krieger e Rodrigo Maranhão abriram suas intimidades ao público. Brincadeiras a parte, o que se sobressaiu foram as músicas. Juntos, eles recriaram suas músicas de forma a destacar a carpintaria da composição. Krieger brilhou em seu momento solo e teve "Novo Amor" e a "Lua é Testemunha" entoadas em coro pela platéia. Maranhão cantou com os olhos fechados, um convite à transcendência, e apresentou novas canções - "Passageiro" e "Samba de Mar" - que deixam grandes expectativas pelo porvir. O que aqui não foi dito fica por ser visto e ouvido no próximo dia 24. Ao vivo não tem explicação!

Um comentário:

Anônimo disse...

Esses dois são grandes. Talvez os maiores desta geração.