Raphael Gemal faz um som que não se adequa a ouvidos adestrados pelas facilidades do pop ou pela tradição da MPB. Como compositor, constrói harmonias com acordes inomináveis, mistura referências que vão do samba ao blues sem sequer tangenciar os clichês de um gênero ou de outro. Sua poesia é suja e agressiva, reflexo das atribuições do cotidiano em um ambiente urbano. A fuga para a natureza se apresenta como a única alternativa, ainda esporádica, nos ínterins do ritmo urbano escravizante. A chuva na serra libera o cheiro da rosa, faz exalar o capim limão; faz corrediças as águas do ribeirão; faz-se som à luz de vela, à sombra do lampião. Os raios do sol no balanço do mar enfeita de contas vermelhas a rainha das ondas. Lua cheia como é cheio o fundo dos corações que não se deixam arrasar pela inapelável política diária de tédio, caos e destruição.
Amanhã, Raphael Gemal e sua Máquina - musical, que fique claro - se apresentarão no palco da Sala Baden Powell. Copacabana será ao mesmo tempo princesa, bandida e meretriz. Certeza é que vale conferir.
Local: Sala Baden Powell - Nossa Senhora de Copacabana, 360.
Horário: 19:30
Ingresso: R$ 14,00 / Lista amiga e estudante: R$ 7,00
Informações: 2548-0421
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