No ano passado, Siba e a Fuloresta fizeram o melhor show do ano no Rio de Janeiro. Foi durante a Embaixada Pernambuco, evento realizado em um casarão no alto de Santa Tereza. A pequena sala não era o palco ideal para se ouvir a música do conjunto formado por músicos da zona da mata pernambucana e, principalmente, a poesia de Siba. Foi perfeito, porém para uma celebração musical, com desconhecidos dando-se as mãos para dançar e cantar as cirandas de Toda Vez Que Eu Dou Um Passo o Mundo Sai do Lugar.
Nesta terça, dia 26, Siba e a Fuloresta fazem a segunda apresentação do mesmo show aqui no Rio. No palco do Teatro Rival, com excelente acústica e tendo a plateia acomodada em mesas e cadeiras, será a oportunidade de prestar atenção nos detalhes musicais e na rica poesia contemporânea de Siba, que atualiza os temas e a sonoridade de ritmos tradicionais da música pernambucana.
Pode ser uma oportunidade única para assistir ao espetáculo tal qual foi concebido. Explica-se: neste ano Siba lançou o disco Violas de Bronze com o violeiro mineiro radicado em Brasília Roberto Corrêa. Foi uma oportunidade de retornar à rabeca, instrumento ao qual era normalmente associado desde os tempos de Mestre Ambrósio, mas principalmente para assumir-se também como violeiro.
Siba já tocava a viola nordestina, ou viola dinâmica, como também é conhecida, no primeiro disco do Mestre Ambrósio, mas agora, a partir de Violas de Bronze, o instrumento pode ser alçado ao primeiro plano em futuras composições e trabalhos, seja ao lado da Fuloresta ou não. Do repertório do grupo - e presente no disco Toda Vez Que Eu Dou Um Passo o Mundo Sai do Lugar -, a ciranda "Alados" ganhou uma versão acústica levada apenas em voz e viola, a qual Siba vem aprimorando a partir de estudos e exercícios, os quais ele mesmo se impõem no intento de melhorar o seu domínio sobre o instrumento. Amanhã, não será apresentada e, é bom que se diga, não irá fazer falta. Ainda não é a hora.
No seu próprio passo e tempo, Siba concentra no presente, o passado e o futuro de tradições diversas. De Pernambuco para o Brasil e para o mundo, é a um só tempo poeta e músico universal. Não se deve perder a oportunidade de vê-lo e ouvi-lo.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
CéU lança EP e antecipa segundo disco de vibrações jamaicanas
Saiu lá fora e não demorou para chegar aqui. Já está na rede o EP Cangote, com quatro músicas que estarão no segundo disco de CéU,antecipando sua nova fase musical. A sonoridade é bem diferente daquela do disco de estreia.
Segundo a própria CéU, as principais diferenças são as seguintes: Nos arranjos, menos beats e intervenções eletrônicas, trata-se de um disco de banda, muito embora convidados diversos participem de cada uma das faixas; o jogo de coro-resposta dos vocais mudou e apresenta uma nova dinâmica - os coros continuam, menos como resposta e mais como segunda voz, criando ambiências; a conexão sonora mais explícita é com a música jamaicana, quando antes era com a música brasileira.
A produção é assinada por Beto Villares, responsável pelo disco de estreia, de 2005, mas não só. Gui Amabis e o núcleo baixo, guitarra e bateria da Nação Zumbi - Dengue, Lucio Maia e Pupillo são responsáveis pela produção de algumas faixas. A arte da capa será do vocalista Jorge du Peixe e Valentina Trajano.
"Já que não estamos aqui só a passeio / já que a vida, enfim, não é recreio / na bubuia eu vou" são os primeiros versos de "Bubuia". A faixa é assinada por Anelis Assumpção e Thalma de Freitas que dividem os vocais com CéU.
"Cangote" estabelece ponte direta com o reggae com um arranjo dub sinuosamente vaporoso. O finado Gigante Brasil toca bateria na faixa, em uma de suas últimas gravações em estúdio.
"Sonâmbulo" foi composta com os integrantes da banda que a acompanha nos shows e pelo menos desde 2006 vinha sendo tocada nos shows. É um bom exemplo do que CéU diz quando afirma que haverá menos beats no novo disco. Em estúdio, tornou-se mais orgânica.
Também conhecida dos shows, "Visgo de Jaca" retoma a ponte com o Brasil reconfigurando o samba de Sérgio Cabral e Rildo Hora gravado originalmente por Martinho da Vila. Ao lado de "Bubuia" é um desafio às tentativas óbvias de classificação, enquanto "Cangote" e "Sonâmbulo" deixam explícitas a conexão jamaicana a qual ela e Beto Villares se referem ao falar do disco ainda a ser lançado.
Conexão esta reforçada por "Cordão da Insônia", um reggae que não está no EP, que conta com a participação de Curumin na bateria. Outras músicas que não fazem parte do EP mas devem estar no disco são "Vira-lata", composta especialmente para a voz de Luiz Melodia em participação especial, "Comadi", parceria com Beto Villares, além de "Nascente", em coautoria co com Siba.
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