Pode não ter sido o melhor dos começos, mas a sala Baden Powell lotada para o show do 3namassa, que deu a partida à 15ª edição do Humaitá pra Peixe, não deixou dúvida de que a escalação do projeto de Dengue, Pupillo, Rica Amabis e suas musas foi um acerto da seleção.
Até então o 3namassa tinha se apresentado uma única vez no Rio, em agosto, na Embaixada Pernambuco em um local que não era exatamente apropriado, especialmente no que dizia respeito à acústica. Pois na Baden Powell, o som esteve à altura. Já as musas mantiveram-se inconstantes, como na apresentação anterior.
Duas não haviam participado do show de 2008: Thalma de Freitas e Geanine Marques. Apesar do fator novidade, nenhuma teve voz e atitude no palco que se igualassem às da então ausente Marina de la Riva. Se não tinha participado do disco Na Confraria das Sedutoras, um suposto erro na escalação foi contornado com o convite para que se apresentasse ao vivo com o trio mais o guitarrista Junior Boca. A cantora de origens mezzo brasileira mezzo cubana parece talhada para o papel, como comprova sua interpretação de "O Seu Lugar" no CD/DVD MTV Sintonizando Recife.
E foi justamente com "O Seu Lugar" na voz de Thalma de Freitas, intéprete original da canção, que começou apresentação da última sexta. Depois veio "Doce Guia", cujos vocais cabem a Céu no disco e que até então coubera a Marina nos shows. A última foi "O Objeto", antes de Nina Becker, fosse ao vivo ou em estúdio.
Thalma buscou uma postura sensual para adicionar aos arranjos libidinosos. O problema era sua voz, cuja emissão transmitia uma frieza capaz de resfriar o calor do verão carioca. Veio então Geanine Marques e da loira de postura fria e movimentos comedidos, a voz soou quente, impositiva, dando credibilidade ao verso "estrago eu sei que causei", de "Estrondo". Engatou direto "Lágrimas Pretas", talvez sem a mesma desenvoltura de Pitty, mas ainda assim com personalidade. Foi pena que tenha se limitado a esses dois números.
3namassa e Geanine Marques - Lágrimas Pretas
Em seguida foi a vez de Lourdes da Luz. Rimando os versos de "Sem Folêgo", de sua autoria - ela foi a única mulher a assinar a letra de uma música de Na Confraria das Sedutoras - a noite continuou num crescendo. "Certa Noite" ficou bem com suas voz e postura agressivas.
Karine Carvalho entrou no palco tendo um grande desafio pela frente. Manter o pique de um show até então menos intenso do que o prometido. Ter escolhido "Quente como o Asfalto", certamente uma das músicas mais fracas do disco, não a ajudou. Depois, quando cantou "Morada Boa", todos já aguardavam ansiosamente por "Tatuí", possivelmente o hit de Na Confraria das Sedutoras, cuja letra é de Rodrigo Amarante. É a única canção em que sua voz soa adequada à letra e ao arranjo, mas nem a melodia sinuosamente safada da canção foi suficiente para reacender um público que em momento algum chegara a entrar em combustão.
Prova disso foi que a banda se retirou e os pedidos pelo bis foram poucos e desanimados. Mas eles e elas voltaram. No rearranjo final, formaram-se duplas de cantoras. Ao lado da tímida Karine, Thalma soltou a voz e deixou no ar aquilo que é, mas eventualmente, na noite de sexta, não foi; Geanine deixou-se levar pela intensidade de Lourdes num dueto de igual para igual.
Foi bom, mas poderia ter sido melhor, talvez, se ao invés do 3namassa, a abertura do Humaitá pra Peixe 2009 tivesse ficado a cargo dos Sonantes - banda derivada do 3namassa. Com a diferença de ter única e exclusivamente Céu nos vocais.
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