quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lucas Santtana e o título ganho por antecipação

Lucas Santtana subiu no palco do Vale Open Air ontem a noite com o jogo ganho, assim como o seu Flamengo entrará no Maracanã, domingo, para decidir o Campeonato Brasileiro com a taça já guardada no armário. Eram - e serão - favas contadas. Talvez, justamente por tocar diante de um público atento e devotado, que estava ali para ouvi-lo com atenção e muitas expectativas no primeiro show carioca desde o lançamento de Sem Nostalgia, começou tímido. Cantou os primeiros versos de "Cira, Regina e Nana" (no vídeo abaixo) quase escondido, em um canto do palco, e aquela que é uma das melhores músicas do novo disco, escolha certeira para abrir a apresentação em alta voltagem, não cumpriu com todas as promessas contidas naquele princípio de madrugada.



Sua banda, a Seleção Natural, tal qual o Football Portoalegrense no próximo domingo, ostentava o nome de sempre, mas seus integrantes eram completamente diferentes daqueles que o tem acompanhado desde a estreia em São Paulo. Não que se tratassem de meros suplentes. Guitarra, baixo e bateria ficaram a cargo, respectivamente, de Benjão, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, todos do Do Amor, os dois últimos também da banda Cê de Caetano Veloso. Provavelmente por este motivo, foi só a partir da terceira música que Lucas e a banda mostraram perfeito entrosamento e então o show engrenou.

As novas "Amor em Jacumã", "Who Can Say Which Way", "Night Time in the Backyard" e especialmente a instrumental "Recado pro Pio Lobato", em que Lucas assumiu o baixo, foram os pontos altos do show. Se por um lado, ao vivo os arranjos das canções de Sem Nostalgia se renovam com as novas leituras instrumentais para além da proposta de voz e violão do registro em estúdio, também ficam claras as limitações da voz de Lucas. Suas interpretações vocais são melhores em disco.

O público se divertia, mas sem grandes arroubos, diferentemente da torcida rubro-negra no Maracanã. Lucas queria mais. Puxou cânticos de arquibancada, como aquele novíssimo, copiado da torcida do Internacional, inspirado em "Brasília Amarela", dos Mamonas Assassinas, tentando inflamar a galera. Mas as pessoas queriam mesmo suas músicas e guardavam qualquer manifestação mais eloquente para o intervalo entre elas. Às vezes os titulares não fazem falta nenhuma e é aí que mora o perigo para o Flamengo. Depois de ontem, intimamente, Lucas já pode vibrar: entrou no palco já consagrado e saiu dele como campeão. Diante da música, o futebol tem quase nenhuma importância.

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