O primeiro impulso à notícia foi negar-lhe a credibilidade: o coração levou O Rafa. Ficou a flauta chorando notas em tom menor pela perda de um grande musicista. Maestro dos interlúdios de alta erudição popular na sonoridade eletro-híbrido-acústica do Mombojó. Sopros a acalentar a distorsão roqueira, as notas feito afluentes sinuosos a desaguar sobre o curso da canção. As vezes com o trombone, ocasionalmente um violão.
De memória busco lembranças de O Rafa no palco. Cadeira a cadeira ao lado de Marcelo Campello, parceiros no tocar dos instrumentos acústicos. Sempre reservado, quase distante. Ou concentrado, com os ouvidos atentos a espera da deixa para introduzir suas pequenas suítes? Penso que nunca compreendi o que se passava nas terminações nervosas por debaixo daqueles cabelos espigados. A armação quadrada dos óculos a dissipar-lhe o olhar. Uma voz que se abria somente em coro. O Rafa traduzia-se pela música, a melhor música. Aquela que não se explica nem é matéria que a morte pode levar.
Pindzim presta homenagam ao músico e à sua banda no traço destas linhas e na Tuba, trazendo de volta à primeira página o vídeo pioneiro: Mombojó com "Nem Parece".
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