quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pelas Tabelas em sessão nostalgia: Lucas Santtana e Rubinho Jacobina


Coincidentemente, pela segunda semana consecutiva, um dos retratados da edição semanal do Pelas Tabelas está com disco novo circulando na rede. Na segunda-feira da semana passada Vagarosa, de CéU, apareceu em blogs diversos. Nesta segunda foi a vez de Sem Nostalgia, de Lucas Santtana, iberado pelo próprio autorl antes do lançamento da versão física.

Trata-se de um disco de voz e violão, formação clássica da música brasileira, que um pouco por questões práticas, mas também por uma opção estética - a saber: apresentar as composições em sua essência básica - está presente na maior parte dos programas da série.

Primeiro compositor com quem gravamos, Lucas chegou ao alto do Parque da Catacumba, na Lagoa, apenas com o seu violão acústico, sem apetrechos eletrônicos. Falou sobre a sua relação com a música e interpretou algumas canções em versão minimalista, sobre as quais as únicas intervenções exteriores foram os ruídos urbanos. Apesar do cenário bucólico, uma britadeira foi uma interferência constante que não chegou a prejudicar a captação de som. Quando uma buzina intrusa fez-se ouvir durante a execução de "De Coletivo ou de Metrô", respeitou o tom da canção e como se fizesse parte do arranjo.

Nada, entretanto, nada que aproximasse as músicas da sonoridade que Lucas cria em estúdio. No que tange aos números musicais, essa limitação é do maior interesse, bastante diferente mesmo do disco recém-lançado. Com a colaboração de nomes como Curumin, Gustavo Lenza, Buguinha e o Do Amor, entre outors, Lucas extrai do violão sons de guitarra, baixo e bateria.

Baiano herdeiro do Tropicalismo, que tocou flauta nas sessões de gravação de Tropicália 2, de Gil e Caetano, sobrinho de Tom Zé, Lucas retrocede a um tempo anterior ao movimento. Sem Nostalgia é um disco futurista. Denota ousadia em uma época pautada por imediatismos cujos horizontes se limitam à dimensão plana das telas de plasma para as quais os olhos apontam e um ou dois cliques podem alcançar. Mexe com o mestre inspirador João Gilberto em "Super Violão Mashup", revisita a lírica do exílio londrino em parcerias com span style="font-style:italic;">Sem NostalgiaArto Lindsay e com Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes, integrantes da banda Cê de Caetano, vai além do rock que o velho ícone agora redescobre.

Pleno de nostalgia foi o reencontro entre Lucas e Rubinho Jacobina na praia do Forte de São João, na Urca. Amigos de longa data, dos tempos de adolescência, os dois há muito tempo estavam distantes, embora tenham tocado juntos na formação original da Força Bruta, a banda de Rubinho, na virada do século. É desta época a única parceria que compuseram juntos - "Hora de Cuidar".

Musicalmente, tem estilos bastante diferentes. Rubinho é um cancionista, a harmonização de letra e melodia é a sua matéria básica. Lucas é um arquiteto do som, cria estruturas sonoras sobre as quais busca expandir os limites da canção. Do reencontro, porém, podem vir a nascer outras duas parcerias inspiradas uma em João Donato e a outra em Batatinha. O encerramento do programa deixa o futuro em aberto.

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