segunda-feira, 27 de julho de 2009

Tiê está cada vez mais à vontade

Quando tocou no Rio pela primeira vez, em março, Tiê fez uma apresentação marcada pela tensão. De poucas palavras, com um vestido escuro e sóbrio e maquiagem perfeita, cantou todas as músicas de Sweet Jardim em menos de uma hora para um público acomodado nas mesas distribuídas por um Cinemathèque razoavelmente cheio. A apresentação teria sido impecável, não fosse pela frieza que, diga-se, combina bastante com as suas músicas de arranjos minimalistas e letras confessionais.

Duas apresentações depois, a cantora que voltou ao Rio para sua terceira apresentação no mesmo Cinemathèque parecia outra. Era a mesma, estava apenas mudada. Vestia uma larga blusa xadrez que não se pode chamar de elegante. Chamou mais atenção, entretanto, a sua atitude. Falante desde o momento em que pisou no palco, mostrava-se mais segura em seu ofício após a experiência adquirida em uma bem sucedida turnê europeia. Se da primeira vez o público estava ali para conhecê-la, muitos agora já eram fãs, alguns cantando junto, baixinho, apenas para acompanhá-la sem prejudicar aos demais que estavam imersos na beleza de sua voz e canções.

Ao fim de uma música, anunciou que logo após o show dela os presentes poderiam se balançar ao som dançante da Banda Bife, de seu produtor e (único) companheiro de palco Plinio Profeta. Talvez ignorando que a maioria estava ali para vê-la e ouvi-la, ou então, sabendo disso, apenas divertia-se com um público a que já pode chamar de seu.

Tecnicamente, as interpretações não foram tão perfeitas quanto da primeira vez. Mais divertido e emotivo certamente foi. A ponto de Tiê não se acanhar com uma falha de sua voz ao final de "Aula de Francês" e fazer piada do próprio erro. Antes de terminar, tocou a sua versão de "Se Enamora", clássico do romantismo infantil dos anos 80 e anunciou: as próximas tiragens de Sweet Jardim incluirão a canção do repertório do Balão Mágico graças aos apelos de Plinio Profeta. Nesse momento do show, Tiê retorna à infância e leva junto com ela cada um que reconhece os versos que ela está a cantar, e confirma: pode-se perder a inocência, mas nunca a saudade de sorrir e brincar.

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