"Modernizar o passado é uma evolução musical" cantava discursando Chico Science, em 1994, nos primeiros versos do hoje clássico Da Lama ao Caos, cujos 15 anos de lançamento têm sido comemorados com shows em que o álbum é reproduzido de cabo a rabo, quase sempre com a participação de convidados especiais. Porém, no palco, o ditame de Chico é ignorado. Reproduzir não é mordenizar.
Talvez porque a modernização já tenha sido levada à cabo nas comemorações de 10 anos do movimento, quando todos os integrantes da Nação e do mundo livre s/a, a outra banda seminal do movimento, se reuniram para fazer algumas apresentações sob a alcunha de Orquestra Manguefônica. Na ocasião, fizeram releituras inspiradas e nada reverentes de músicas de Da Lama ao Caos e de Samba Esquema Noise. Com certeza, um dos melhores shows já vistos em palcos brasileiros.
Na última sexta no Rio, com as memórias da Orquestra Manguefônica reverberando na mente, fui ao Circo Voador conferir o show da atual efeméride, ainda mais que o convidado era Fred Zeroquatro. Adicionou seu cavaquinho e fez duetos com Jorge du Peixe em algumas músicas, a bateria de Pupillo, que não fazia parte da banda na época, inseriu mais agressividade e intensidade às versões, mas nada que se possa chamar de novidade, afinal, muitas daquelas músicas fazem parte do repertório usual da Nação. Tratou-se de apenas mais um show, o que, em se tratando de Nação Zumbi, nunca é pouco, mas o show de lançamento de Fome de Tudo, no mesmo Circo, há pouco tempo atrás, foi muito melhor.
4 comentários:
Esses shows são uma homenagem ao disco.
Nesse caso, reproduzir as notinhas gravadas no vinil, ao meu ver, é o certo.
PS: Parece que eles vão gravar esse show aqui em Recife no próximo mês para um futuro DVD.
Tomara!
José Henrique
Ahhhh, tb preferiria um DVD do show Fome de Tudo.
Isso significa que o repertório pós Chico é melhor?
Sabe, pra alguns é um sacrilégio, mas eu acho.
José Henrique
Por que não? Acho que em seus discos a Nação tentou - e conseguiu - seguir o mandamento de Chico. Afrociberdelia, para mim, também, já estava um passo à frente de da Lama ao Caos.
Não sei se à frente, mas diferente com certeza.
Acho que os caras tentam - e conseguem - é fazer um cd diferente do outro.
Não necessariamente indo pra frente. Por exemplo, pra mim o Fome de Tudo não está um passo à frente do Futura.
Foi uma volta ao "Pop" do Da lama ao Caos.
No meu entender muito bem vinda.
PS: Quando falo que prefiro a Nação com Du Peixe no vocal e não Chico, sou quase linchado entre meus amigos. ehehe :>)
A voz grave/cavernosa do cara combinou super bem.
Ele pegou uma batata quente nas mãos e se esbaldou com um delicioso purêzinho.
Abraço
José Henrique
Postar um comentário