quarta-feira, 30 de maio de 2007

Marcelo Campello: projeções em sete cordas

Marcelo Campello está no Rio de Janeiro onde faz hoje, na Casa da Gávea, às 21:00, o show de lançamento do seu primeiro disco solo, Projeções e mais duas séries para violões de sete cordas, e no sábado se apresenta com o Mombojó, no Circo Voador. Embora o violão de sete cordas seja utilizado em algumas músicas da banda pernambucana, Marcelo Campello surpreende pela maturidade que apresenta como compositor neste primeiro trabalho instrumental, aproximando-se da música erudita, experimentando dissonâncias, flertando com a atonalidade, dialogando com o silêncio, transgredindo a lógica do andamento das canções, mesmo que suas referências no instrumento venham todas de músicos da tradição popular. Normalmente utilizado como instrumento de acompanhamento em conjuntos de samba e choro, na obra de Marcelo Campello o violão de sete cordas assume o primeiro plano, tanto no momento da composição quanto no da execução das músicas. Gravado em Recife, no ano passado, Projeções e mais duas séries para violões de sete cordas é composto por 35 músicas divididas em três movimentos, todas executadas somente no violão: Projeções, Soturnos e Sonhos. O Blog do Pindzim conversou com o jovem compositor sobre a sua relação com o instrumento que resultou em um disco belo e singular.

Pindzim: Como se deu seu primeiro contato com o violão de sete cordas e a partir de que momento você resolveu estudá-lo a ponto de incorporá-lo às suas atividades como músico?
Marcelo Campello: Comecei com o de seis, tirava umas fitas antigas de Canhoto da Paraíba de ouvido. Em uma delas ele era acompanhado por Bozó, 7 cordas lá de Recife que é da escola de Horondino Silva. Na época do vestibular eu entrei no conservatório para aprender a ler partitura e Bozó ensinava lá, daí eu colei na dele. Ele me ensinou a técnica do polegar com apoio dos chorões, que eu uso até hoje só que com algumas particularidades. Como não preciso extrair tanto volume do instrumento, preocupo-me com um timbre mais grave e etéreo na mistura de unha e carne.

Pindzim: Em que circunstâncias se deu e como foi o seu encontro com Canhoto da Paraíba?
Marcelo Campello: Um amigo meu, José Vasconcelos Vieira, produziu há alguns anos um documentário sobre a vida de Canhoto que conta com depoimentos de uma turma grande, Paulinho da Viola etc. Quando lancei o disco ele ouviu e comentou que estava indo visitar Canhoto em Maranguape, e me convidou. Fomos, passamos uma tarde inteira conversando, ouvindo belas histórias, ouvimos meu disco juntos e ele comentava nas passagens sorrindo: "bonito!". Fiquei muito feliz.

Pindzim: O violão de sete cordas é um instrumento característico do samba e do choro, de acompanhamento. Você já citou o estilo de Dino 7 Cordas como sendo a sua grande escola, mas no disco Projeções e mais duas séries para violões de sete cordas você se mantém distante deste universo, mergulhando em experimentações. De que maneira a tradição do violão de sete cordas influenciou as suas composições? Se é que exerceu alguma influência. Quais foram as influências e inspirações para compor as músicas presentes no disco?
Marcelo Campello: As influências violonísticas vieram muito no princípio, principalmente Canhoto e Garoto. Depois elas vêm da vida mesmo, já não busco referências fora de mim.

Pindzim: Qual distinção você faz entre os três movimentos do disco, Projeções, Soturnos e Sonhos?
Marcelo Campello: São séries relativas a momentos pessoais de minha vida. Sonhos é o princípio da dormência, mais ingênua e leve. É a série mais antiga, de 2002. Soturnos foi um período muito difícil, inclusive com um acidente grave de carro em 2004. Projeções é sobre sair do corpo e se olhar de uma perspectiva externa.

Pindzim: As músicas presentes no disco foram compostas ao longo de quatro anos. Quando você decidiu que era a hora de registrá-las em disco?
Marcelo Campello: Havia muitas composições já, não é simples manter um repertório de 35 peças. Decidi registrar para fazer um "backup" e esvaziar a mente para compor mais.

Pindzim: Como o violão de sete cordas foi incorporado à musicalidade peculiar do Mombojó?
Marcelo Campello: É difícil viabilizar tecnicamente o violão em meio àquele volume todo, procuramos criar momentos específicos para ele.

Pindzim: No Mombojó, o violão de sete cordas é utilizado, principalmente, em canções que se aproximam do samba, e até se faz menos presente no Homem-espuma, você concorda? A partir das músicas deste disco solo, você foi vislumbrando outras possibilidades de utilizá-lo em seu trabalho com a banda?
Marcelo Campello: Não consigo fazer associações deste meu disco com a banda, são funções absolutamente distintas. Projeções é pra acalmar, Mombojó é pra agitar.

Projeções e mais duas séries para violões de sete cordas pode ser encomendado através da Livraria Cultura. Algumas músicas podem ser ouvidas no myspace, onde há um link para baixá-lo na íntegra; e estará a venda no show de hoje a noite.

terça-feira, 29 de maio de 2007

4 dedos de prosa com Flu

O músico, compositor e multiinstrumentista Flu faz show hoje no Cinematèque Jam Club com intervenções gráficas de Allan Sieber. A Tuba do Pindzim entrou em contato com ele para saber mais sobre esta apresentação e também sobre os planos futuros de Flu. Confira abaixo.

Pindzim: Quais músicas compõem o repertório deste show? Músicas novas, músicas de discos antigos?
Flu: Tenho tocado músicas dos 2 cds e algumas versões para Mutantes, Defalla e Minnie Riperton. Claro que cada show tem surpresas.

Pindzim: No show, vc vai estar acompanhado do Benjão e do Marcelo Callado. Há músicas novas que surgiram a partir da convivência musical com eles? E o que que cada um toca no palco, incuindo você?
Flu: Dessa vez vai ter a bateria incrível do Marcelinho Callado. Mas o show básico é eu mais Benjão e um Laptop. eu toco guitarra,baixo e alguns samples mais voz. O Benjão toca guitarra mais voz e o Marcelo toca bateria e talvez alguns samples. Ainda não rolou uma composição conjunta. Talvez pela preguiça de ensaiar... Mas tô armando de gravar alguma coisa nova com eles. Talvez uma que faz parte do show.

Pindzim: Como surgiu essa coisa de misturar sua música com as intervenções gráficas do Allan Sieber, desenhando ao mesmo tempo em que você toca? Existe um roteiro ao qual ele segue ou ele improvisa livremente?
Flu: Surgiu no Multiplicidade. O Batman Zaravere, que é o curador desse evento deu a idéia de chamar o Allan pra fazer a parte visual do show. Ele já conhecia nossa parceria nas capas dos cds. Daí o Allan inventou o falso documentário "As Coisas boas da Vida". Gravamos uns depoimentos e ele editou umas imagens de vídeos com várias coisas prazeirosas. Nós nunca combinamos nada. Ele inventa um tema e vai desenhando gags variadas sobre esse tema. No Multipicidade eram palavras que tinha "Flu" e em outro foi com bichos. Nunca sei o que ele vai inventar...

Pindzim: Qual o segredo do disco "As Coisas Boas da Vida" para ter o poder de mudar a vida das pessoas e até dos animais? E quando este disco vai ser disponibilizado ao grande público e não apenas a alguns escolhidos?
Flu: Nem eu sei. Provavelmente porque ele não existe. Daí o milagre! Mas prometo fazer um disco maravilhoso que mude o mundo e deixe as pessoas e os bichos mais felizes!! Esse ano tô me esforçando ao máximo. Mas preciso de um mecenas na minha vida!! Alguém que acredite na minha arte e aposte suas fichas!!

Assista ao vídeo de "Testativa Menthol" no Multiplicidade aqui.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Agenda Rio - Semana 28/05 a 03/06

Mais uma semana com excelentes atrações nos palcos cariocas. O ponto alto da semana é o sábado, 2 de junho, em que o Circo Voador vai abrigar o show de duas das melhores bandas e em atividade. Do Rio, Kassin+2, junto com os pernambucanos do Mombojó. Veja abaixo as dicas do Pindzim:

28 Segunda-feira: Marcelinho da Lua na Modern Sound
Hoje, o dj e produtor carioca Marcelinho da Lua promove o lançamento do seu segundo disco, Social, no palco do Allegro Bistrô Musical. O sucessor de Tranquilo, eminentemente eletrônico, traz uma sonoridade mais orgânica, em que os samplers abrem mais espaços aos instrumentos tradicionais. Quatro músicas podem ser ouvidas no myspace. As composições se estruturam a partir da melodia combinada ao beat acelerado do DJ, próprio às pistas de dança. A participação de convidados de tendências diversas expandem o painel rítmico e sonoro do DJ. "Ela Partiu", de Tim Maia, com os gaúchos da Ultramen, virou um reggae clássico apimentado pelos beats de Marcelinho, ora em sincronia com a guitarra, ora ditando um ritmo proeminentemente dançante. B Negão, que participa do show, aproxima o rap da gafieira adubada pela eletrônica em "Fundamental". A cantora Marcela Mangabeira também faz participação esta noite.
Local: Modern Sound - Rua Barata Ribeiro, 502 – D - Copacabana.
Horário: 19:00
Ingresso: Grátis
Informações e reservas no site da loja.

29 Terça-feira: Flu no Cinematèque Jam Club
O músico gaúcho radicado no Rio de Janeiro apresenta "Música Desenhada", show audiovisual com intervenções gráficas do cartunista Allan Sieber. Acompanhado por Benjão e Marcelo Callado, Flu apresenta sua musicalidade acústico-eletrônico-psicodélica, com pitadas de bossa e lullabies, além de músicas do pseudo-álbum "As Coisas Boas da Vida", cujo vídeo de divulgação pode ser visto no youtube. Os Subterrâneos abrem a noite.
Local: Cinematèque Jam Club - Rua Voluntários da Pátria, 53 - Botafogo.
Horário: 22:00
Ingressos: 20,00 (Inteira) / R$ 10,00 (Lista Amiga)

29 Terça-feira: Max Sette no Estrela da Lapa
O trompetista da Orquestra Imperial assume o microfone para mostrar as canções de seu disco de estréia como compositor, "Parábolas ao Vento", e recebe os convidados Rubinho Jacobina e Wilson das Neves, seu parceiro no samba "Era Bom". "Gomalina", já conhecida das apresentações com a Orquestra também está no repertório.
Local: Estrela da Lapa - Av. Mem de Sá, 69 - Lapa.
Horário: 22:00
Ingressos: R$ 15,oo
Informações e reservas no site da casa.

30 Quarta-feira: Rodrigo Maranhão no Centro Cultural Carioca
Última chance para assistir o show de lançamento de Bordado, disco de estréia do compositor carioca. Disco e show já foram comentados aqui neste blog, portanto não há muito mais a ser dito a não ser que é imperdível. Rodrigo Maranhão transpõem a delicadeza de suas composições para o palco com o apoio de seus antigos companheiros do Bangalafumenga e do acordeão de Marcelo Caldi respeitando o formato acústico registrado no disco.
Local: Centro Cultural Carioca - Rua do Teatro, 37 - Praça Tiradentes, Centro.
Horário: 21:00
Couvert Artístico: R$ 20,00
Informações e reservas no site do CCC.

30 Quarta-feira: Marcelo Campello na Casa da Gávea
Integrante do Mombojó, banda na qual toca violão de 7 cordas, cavaquinho, escaleta e trompete, Marcelo Campello lançou este ano um disco solo instrumental dedicado exclusivamente ao violão de 7 cordas que em nada se aproxima do som de sua banda ou mesmo do formato tradicional da canção. Projeções e mais duas séries para violão de sete cordas apresenta um músico maduro, apesar de ter apenas 24 anos, experimentando as possibilidades do seu instrumento para além das tradições do samba e do choro. Atonalidade, dissonâncias e o silêncio dão forma às composições presentes no disco que Marcelo vai apresentar neste show de lançamento aqui no Rio. O palco da Casa da Gávea é o lugar perfeito se admirar o músico desnudando suas intimidades musicais através das sete cordas do seu violão.
Local: Casa da Gávea - Praça Santos Dumont, 116 Sobrado - Baixo Gávea.
Horário: 21:00
Ingressos: R$ 10,00
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31 Quinta-feira: Flávia Bittencourt com Zé da Velha e Silvério Pontes no Trapiche da Gamboa
A cantora maranhense que gravou "Parangolé" no disco Samba Novo, projeto coletivo produzido por Rodrigo Maranhão que apresenta alguns dos nomes que vem revitalizando o samba carioca, se apresenta ao lado dos mestres Zé da Velha e Silvério Pontes. No repertório, clássicos do samba e canções de Sentido, disco de estréia da cantora lançado em 2005 que explora as tradições musicais do Maranhão.
Informações a respeito não disponíveis.
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1° Sexta-feira: Canastra no Teatro Odisséia
A banda carioca apresenta na casa da Lapa o segundo show de lançamento do disco Chega de Falsas Promessas, que pode ser encontrado nas bancas de todo o país encartado na revista Outra Coisa. Participação especial da cantora Érika Martins.
Local: Teatro Odisséia - Av Mem de Sá - Lapa.
Horário: 22:00
Ingressos: 20,00 (Inteira) / R$ 16,00 (Com filipeta)
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2 Sábado: Mombojó e Kassin+2 no Circo Voador
Como se já não fosse sensacional a volta do Mombojó ao Rio de Janeiro após longa ausência, os pernambucanos vão ter Kassin+2 fazendo as honras da casa. Após bem-sucedida turnê pela Europa e matéria elogiosa na Rolling Stone americana, a banda de Moreno Veloso, Domênico Lancelotti e Kassin se apresenta o show do disco Futurismo, no Circo Voador, enquanto o Mombojó volta à cidade com o show do disco Homem-espuma depois da elogiada apresentação no palco principal da edição 2006 do Tim Festival. Dois motivos para encarar a confusão na Lapa apesar do evento cervejeiro na vizinha Fundição.
Local: Circo Voador - Arcos da Lapa - Lapa.
Horário: 23:00
Ingressos: 30,00 (Inteira) / R$ 15,00 (Estudante)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Três dedos de prosa com CéU


Após uma temporada de shows nos Estados Unidos, onde seu disco de estréia foi muito bem recebido por público e crítica, a cantora Céu voltou para casa cheia de gás. Agora, ela quer ampliar a divulgação do seu trabalho nos palcos brasileiros. No início do mês, realizou uma temporada de três shows no Tom Jazz, em São Paulo, que se repete neste fim de semana, de quinta à sábado, com ingressos esgotados antecipadamente. No intervalo entre uma e outra, apresentou-se na abertura do Festival de Curtas-Metragens em Direitos Humanos, também em São Paulo, e no domingo se apresenta ao lado de João Bosco no Rio de Janeiro, dentro do projeto Tom Acústico. Pindzim entrou em contato com Céu para conversar sobre este show e sobre o hábito cultivado pela cantora de estar permanentemente estabelecendo pontes musicais com artistas de tendências diversas.

Pindzim: No disco você gravou “O Ronco da Cuíca”, de João Bosco e Aldir Blanc, e agora está fazendo este show em parceria com ele, já apresentado ano passado em São Paulo. Como foi esse encontro musical, vc já o conhecia quando surgiu a oportunidade de fazer o show?
CéU - Não o conhecia pessoalmente. Foi muito especial já que sou fã do trabalho do João há tempos, especialmente da fase do "Galos de Briga", do "Caça à Raposa". Antes de ter meu trabalho solo eu já cantava algumas músicas... O show em São Paulo foi incrível, nós não tivemos muito tempo pra ensaiar, mas ele é um músico de uma tal grandeza que me deixou totalmente à vontade... foi massa.

Pindzim: Você costuma fazer participações especiais em shows e discos de muitos artistas, assim como os recebe também, desde Nação Zumbi, Siba e Dona Zica até João Bosco e Marcos Valle. Qual a importância dessa interação com músicos de tendências diversas e de que forma isso influencia o seu trabalho?
CéU - Nada melhor do que participar dos projetos da galera que você gosta. Tenho muitos amigos no meio da música, acho que isso vem até de antes de eu ter lançado o meu álbum. Você acaba aprendendo coisas novas, escutando sons que talvez sozinha não tivesse como.

Pindzim: Existe algum projeto paralelo ou mesmo algum desdobramento em seu próprio trabalho que tenha nascido a partir destes encontros?
CéU - Existe sim, o 3 na Massa (projeto do Pupillo, Dengue e Rica Amabis) é um bom exemplo. Quando eu chamei a Nação pra tocar "Concrete Jungle" no disco acabamos ficando mais próximos e aí eles me chamaram pra gravar... a idéia do projeto me encantou de cara, fiquei embasbacada. Fora cantar "Prato de Flores" com eles no Rio e em Recife.

O disco do 3 na Massa deve sair ainda este ano. É um projeto coletivo em que os três comandantes convidaram um time de compositores do sexo masculino para que escrevessem canções se colocando no lugar das mulheres, inspirados na feminilidade poética de Chico Buarque. Um time que mistura cantoras, como Thalma de Freitas e Pitty, e atrizes, entre elas Leandra Leal e Simone Spoladore, foi convocado para colocar os vocais sobre as bases criadas pelo trio com a colaboração de músicos como Maurício Takara (Hurtmold), Fernando Catatau (Cidadão Instigado) e Bactéria (mundo livre s/a). Céu canta “Doce Guia”, de Júnio Barreto, que pode ser ouvida no myspace. Céu também gravou uma participação no próximo disco de Otto, Certa Manhã, Acordei de Sonhos Intranqüilos, ainda sem previsão de lançamento. E muito mais vem por aí, com certeza.

Leia mais sobre o show deste domingo com João Bosco aqui.

Assista a participação de Céu em show de Marcos Valle ano passado no Rio de Janeiro interpretando "Rainha" e "Samba de Verão" na Tuba do Pindzim.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Noite de celebração para Rodrigo Maranhão

Pode parecer exagero duas postagens subseqüentes sobre um mesmo artista, mas não quando se trata de um compositor da estatura de Rodrigo Maranhão. Após uma estréia embargada pela emoção de estar levando ao palco pela primeira vez o show do lançamento de Bordado, seu primeiro disco solo, ele voltou ao palco do Centro Cultural Carioca mais a vontade na quarta-feira, dia 23. No final, a apresentação foi coroada pela entrega do Grammy de Melhor Canção Latina que lhe é de direito, oficialmente recebido por Maria Rita, por “Caminho das Águas”. Uma das primeiras cantoras a reconhecer o talento do compositor, ao gravar “Baile da Pesada”, Fernanda Abreu foi quem entregou a Rodrigo Maranhão o gramofone dourado sob louvação do público, interrompida apenas pelo segundo bis da noite. Antes de cantar seu maior sucesso, divertiu-se revelando se tratar de um prêmio tardio aquele, uma vez que a canção foi composta quando ele tinha 18 anos, inspirada por cânticos de roda de capoeira, no caminho entre a sua casa e a praia. Na dúvida entre gravá-la ou desfrutar dos prazeres imediatos do sol e do mar, optou, ainda que inconscientemente, pela futura consagração.

Acompanhado por seus companheiros de Bangalafumenga – Tiago Di Sábato na guitarra, Dudu Fuentes e André Moreno na percussão -, mais Marcelo Caldi no acordeão, Rodrigo Maranhão amplia no show o repertório do disco. Partindo de “Baião Digital”, música que originalmente daria nome ao disco e batiza o show, eles tocam todas as músicas de Bordado, exceto “Olho de Boi”. Um set solitário contempla os sambas “Pra Tocar no Rádio” e “Recado”, ao vivo acrescida de violão. Em seguida, ele recebe Edu Krieger para juntos, sob o choro da sanfona, cantarem “A Mais Bonita de Copacabana”, presente em Samba Novo, projeto coletivo produzido por Maranhão. Já com a banda de volta ao palco, levam “Ciranda do Mundo”, música do convidado que, como o próprio contou orgulhoso, não é mais atribuída a ele. Tornou-se de domínio público.

Canções que não entraram em Bordado reafirmam a unidade de uma obra ancorada na beleza das diversas tradições regionais da música brasileira e fazem crescer a expectativa de que as nossas intérpretes continuem recorrendo ao baú do compositor para trazer à luz mais alguns destes tesouros guardados. Entre os destaques, “Samba de Um Minuto”, com sua viola delicada tal qual a de Paulinho, que ontem contou com a participação especial de Zé Renato e faz parte do repertório de shows de Roberta Sá, e uma canção espiritual, com menções divinas, a qual me falta o nome, que guarda parentesco com a fase mística de Gilberto Gil.

Assistindo à interpretação do autor ali no palco, fiel ao disco na simplicidade dos arranjos acústicos construídos a partir do violão, ou seja, da essência das canções, tem-se a certeza de que se está diante não só de um magistral compositor, mas de um dos grandes artistas da música brasileira atual. Já se dizia de Caymmi que ele é imbatível na interpretação de suas próprias canções. Seja ao vivo ou em estúdio, o mesmo pode ser dito de Rodrigo Maranhão.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Disco: Bordado - Rodrigo Maranhão

Geografia musical da delicadeza perdida

Bordado (MP, B / Universal), primeiro disco solo de Rodrigo Maranhão, é uma viagem pela riqueza das tradições regionais da música brasileira reprocessadas pela linguagem poético-musical do compositor carioca. Estão lá o samba, restabelecendo a ponte original entre o Rio e a Bahia, agora no sentido inverso, o baião, o xote, a ciranda e o coco nordestinos, e até a milonga gauchesca. Nunca, porém, aferrados às suas formas clássicas. As 11 músicas reunidas no disco compõem uma obra coesa pela hibridização de diferentes gêneros na unidade de cada canção. Rodrigo Maranhão imerge na tradição para atualizá-la e recolocá-la em movimento.

“Bordado” parte do litoral, revisitando as canções praieiras de Dorival Caymmi, gênero inaugurado e encerrado na obra do compositor baiano. Os personagens são os mesmos. Há o pescador dividido entre suas duas paixões, sempre a navegar por sobre a amplidão do mar para no fim desaguar nos olhos do seu bem. O pescado à mesa, temperado por aquela que inspira em seu coração sonhador “uma canção maior”, oceânica. Como único acompanhamento à voz, o violão, emulando o ir e vir da ondulação, embalando a amada ao sabor das marés. Porém, o cenário não é exatamente o mesmo, não se trata de uma vila de pescadores baiana. Está mais para uma praia deserta a meio caminho entre o Rio de Janeiro e o Ceará, terreno onde, só, Rodrigo Maranhão finca a bandeira da musicalidade que lhe é peculiar.

Em seguida, a embarcação do compositor solitário toma o rumo do continente navegando contra a correnteza rumo ao “Interior” “da rinha de galo, do café na panela, das noites de lua, das noites de breu”. O violão recebe o acompanhamento da viola caipira de dez cordas de Marcello Gonçalves, integrante do Trio Madeira Brasil. A marcação do triângulo, “a chuva na serra” e “o espinho do mato machucando o gibão” não permitem que o ouvinte se situe na trilha percorrida pelas composições de Rodrigo Maranhão. Sua obra não tem guias, é um convite à divagação.

Sob o luar do sertão, “Olho de Boi” é um enigma que oferece respostas cifradas: “o que não falei sim, tudo que cantei sou”. Carrega a tristeza de um canto de trabalho, como fosse um aboio cantado em versos: “olho de ajudar boi, rezo pelo popular; reza pra cantar boi, canto pra purificar”. Mas também pode ser apenas um lamento sertanejo cuja poética se constrói em função da melodia.

O Nordeste se estende ao Rio Grande do Sul em “Milonga”. A lírica circular se constrói a partir de negações recorrentes que insistem em afirmar que nem tudo é o que parece. Assim como o vanerão gaúcho pertence à mesma família do xote nordestino, a milonga de Rodrigo Maranhão ecoa pelo sertão. Acelerada, com o acompanhamento de triângulo e zabumba, bem poderia se transformar num baião.

Pelo xote chegamos ao Rio de Janeiro, anuncia o acordeão de Marcelo Caldi, tal qual Luiz Gonzaga fez no passado, abandonando a terra natal, com “muita fé e pouco dinheiro”, para tentar a sorte na antiga capital. “O Osso” não dissimula sua raiz nordestina, mas tergiversa na malemolência. Em seu ritmo lento, abre espaço para a ginga e o jogo de cintura do carioca rubro-negro. Uma vez no Rio de Janeiro, ele exorta: “moçada carrega o batuque, no berço do samba deixa o couro cantar”. Sim, mas sem pandeiro, surdo, repique, reco-reco e tamborim. “Pra Tocar na Rádio” é um samba de linhagem baiana, cadenciado, em que a divisão rítmica se organiza exclusivamente através do violão, tocado ao estilo de João Gilberto, com quem os improvisos vocais no fim da canção estreitam ainda mais os laços. Rodrigo Maranhão manteve guardado seu espírito carnavalesco de mestre de bateria e puxador do Bloco do Banga para o desfile do ano que vem. A outra incursão pelo universo do samba presente no disco é ainda mais direta. “Recado” foi gravada a capela. A simplicidade do arranjo fazendo contraponto à banca de seu interlocutor, uma celebridade instantânea que se afasta de suas origens ao optar pelo esbanjamento e o acúmulo de bens materiais.

“Baião Digital” também marca a posição do compositor em relação aos hábitos e à cultura típicos da pós-modernidade. Por um lado, não se trata exatamente de um baião à moda antiga, ao contrário do que poderia sugerir o título. O ritmo marcado na palma da mão e o violão de 7 cordas tocado com vigor percussivo por Marcello Gonçalves remetem à música ritual e às brincadeiras de terreiro. A referência ao digital aborda o deslocamento da esfera real para um universo virtual em que se depende de máquinas para mediar o relacionamento entre as pessoas, mantendo qualquer um acessível em todos os lugares. A música de Rodrigo Maranhão transita por paragens diversas sem que ele precise sair do seu lugar ou se distanciar de suas raízes em nome de uma suposta modernidade contemporânea.

Esta linha reflexiva atinge o ápice e a síntese na melancólica “Noites de Irã”, um canto aos escravos da globalização – os irmãos subjugados em suas existências miseráveis cuja cultura é ignorada pelos ideais supostamente democráticos do “grande irmão” que ninguém quis, o autodeterminado juiz de última instância, imune a julgamentos. Sobre o batuque dos tambores de origem africana, a coda ecoa o lamento triste de um compositor consciente do lugar que lhe cabe no latifúndio global, resistente à ilusão de “viver de mentira o sonho de um outro país”. “Cresço para bem servir-te, ó pátria-amada”, anuncia, ao som de berimbau e agogô no samba de roda “Todo Dia” para em seguida completar: “eu não queria me calar ó mãe, minha mãe”. A ele se junta em coro múltiplo a cantora Elizah, reunindo o canto ancestral de todas as gerações em uma só voz.

Navegando sobre o encontro de coco, ciranda e baião, “a barca segue seu rumo lenta” de volta à origem. O retorno à casa paterna e aos “olhos da morena bonita”, aquela mesma que assistiu à partida em “Bordado”, lá no começo, após a viagem a qual somos conduzidos em apenas meia hora. O último canto das águas renova o primeiro grande sucesso do compositor – na interpretação de Maria Rita – em uma versão que valoriza o acento regional marcado pelo ritmo da zabumba. Em “Caminho das Águas”, Rodrigo Maranhão trança o último fio de linha da sua poesia sobre o fundo musical das tradições brasileiras, redesenhando em seu “caminho bordado a fé” a geografia musical do país da delicadeza perdida. O Brasil do encontro festivo de diferentes raças, credos e culturas se faz redivivo em suas canções.


Assista a "Caminho das Águas" no show de lançamento do disco Bordado na Tuba do Pindzim.
Veja mais informações sobre o show aqui.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Ana Cañas prepara estréia em disco autoral

A cantora Ana Cañas vem ganhando cada vez mais admiradores com suas apresentações no Baretto, o jazz-bar do hotel Fasano em São Paulo onde todas as quintas, sextas e sábados ela apresenta um show em que canta standards do jazz e da bossa nova. Chico Buarque, Paulinho da Viola e Toquinho são alguns dos artistas que já aplaudiram o talento da jovem intérprete.

A boa notícia é que Ana tem dividido seu tempo entre as apresentações ao vivo e o estúdio Space Blues, onde está gravando o seu primeiro disco, com produção de Alexandre Fontanetti. Uma amostra do que vem por aí pode ser ouvida no myspace da cantora. “Devolve Moço” injeta suíngue brasileiro sobre uma base funky-jazz ancorada no groove do órgão, da bateria e da guitarra em contraponto à melodia dividida entre o piano e um trompete sinuoso como a amplitude vocal da cantora. A faixa, que revela a faceta autoral de Ana, “entrega a cara do disco, com uma vocação pro scat singing, o hip-hop e o groove”, conforme ela declarou ao Blog do Pindzim.


Ainda sem título definido, o álbum terá dez músicas de Ana, “nove em parceria com Fabá Jimenez e uma com Daniel Grajew”, revela a cantora, além de duas regravações – “Coração Vagabundo”, de Caetano Veloso, e “Super Mulher”, de Jorge Mautner, que contou com a participação especial de Naná Vasconcellos na percussão. Cinco músicas já estão prontas e a expectativa é de que o disco seja lançado em outubro. A produção é independente e no momento Ana está negociando a distribuição.

Amanhã, dia 23 de maio, às 20:00, Ana vai estrear o quadro “Novíssimas” no programa Vozes do Brasil, apresentado por Patrícia Palumbo na Rádio Eldorado FM (92,9, SP) cantando duas músicas e falando sobre o disco. Em julho ela se apresenta em Paraty durante a FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) apresentando clássicos do jazz e algumas músicas próprias. Está aí uma nova cantora que, antes mesmo do lançamento de seu primeiro trabalho, vem provocando grandes e justificadas expectativas.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Ingressos promocionais para show de Edu Krieger e Anna Luisa no Canecão

Começam a ser vendidos amanhã, exclusivamente na Modern Sound, os ingressos promocionais para o show de Anna Luisa, Edu Krieger e Gláucia Nasser, com participações especiais de Geraldo Azevedo, Rio Maracatu e Flávio Venturini, dia 19 de junho, no Canecão. O valor é R$ 15,00. Mais informações através do e-mail: coruja@corujaproducoes.com

Agenda Semana 21 a 27 de Maio

Nesta semana os destaques ficam por conta do segundo show da temporada de Rodrigo Maranhão e as voltas de Caetano Veloso e Céu aos palcos cariocas. Abaixo, as dicas:

22 Terça-feira: Marcela Mangabeira na Modern Sound
A cantora Marcela Mangabeira apresenta o show de lançamento do cd Simples no Allegro Bistrô Musical na Modern Sound. Apadrinhada por Roberto Menescal e considerada uma das grandes revelações do ano por Nelson Motta, ela apresenta clássicos da bossa nova como "Insensatez", "Eu e a Brisa" e inéditas como "Pr'u Zé" e "Pro Tom", compostas especialmente para ela por Roberto Menescal. Com arranjos entre o orgânico e o eletrônico sútil, o destaque do disco é a voz da cantora. Marcela já acompanhou o grupo Bossacucanova em excursões pela Europa e participa dos grupos vocais Mulheres de Hollanda, 4 Cantus e Bebossa. Pindzim ainda não ouviu o disco inteiro nem assistiu ao show, mas deixa aqui a sugestão.

Local: Modern Sound - Rua Barata Ribeiro, 502 – D - Copacabana.
Horário: 19:00
Ingresso: Grátis


23 Quarta-feira: Rodrigo Maranhão no Centro Cultural Carioca

Uma semana após a emocionante estréia, Rodrigo Maranhão volta ao palco do CCC para apresentar o segundo show da temporada de lançamento do seu primeiro disco solo, Bordado. Todas as expectativas foram cumpridas tanto pelo disco quanto pelo show confirmando que se trata de um artista que vem construindo, sem pressa, um caminho próprio, único e original no atual panorama musical brasileiro. Compositor dotado de poesia e musicalidade delicadas, calcadas em ritmos regionais brasileiros, Rodrigo apresenta as canções do disco com arranjos acústicos e limpos, sem efeitos, tais como foram registradas em estúdio, ora sozinho ao violão, ora acompanhado por percussão, violão solo e acordeão. Confira aqui, amanhã, uma crítica sobre o disco e não perca o show.

Local: Centro Cultural Carioca - Rua do Teatro, 37 - Praça Tiradentes, Centro.
Horário: 21:00
Couvert Artístico: R$ 20,00
Informações e reservas no site do CCC


25 a 27 - Sexta-feira a Domingo: Caetano Veloso no Canecão
Depois de estrear na última noite do Tim Festival, lotar o Circo Voador, o Morro da Urca e o Vivo Rio, Caetano Veloso retoma o seu périplo pelas casas de espetáculos cariocas, agora no Canecão, apresentando o show do disco . O compositor baiano e sua banda jovem, formada por Pedro Sá na guitarra, Ricardo Dias Gomes no baixo e Marcelo Callado na bateria, reproduzem no palco a energia das novas canções e a transpõem para alguns clássicos do repertório caetanico com destaque para "You Don't Know Me" e "Nine Out of Ten", de Transa, e a releitura de "Chão da Praça", de Moraes Moreira. Um show que merece ser visto pela precisão do roteiro e pela inusitada formação roqueira, embora não combine com uma platéia acomodada confortavelmente em mesas e cadeiras.

Local: Canecão - Rua Venceslau Brás - Botafogo.
Horário: 22:00 (Sexta e Sábado) / 20:30 (Domingo)
Ingressos: de R$ 20,00 à R$ 120,00
Mais informações no site do
Canecão


27 Domingo: Céu e João Bosco no Vivo Rio
O show apresentado em São Paulo no ano passado reunindo João Bosco e Céu, a mais interessante cantora brasileira da atualidade, chega ao Rio. Após uma temporada de sucesso nos Estados Unidos, onde chegou ao primeiro lugar da parada Heatseekers, dedicada a novos artistas com proposta musical inovadora, e ao 57º lugar da parada principal, ambas da Billboard, Céu e banda voltam ao Rio para apresentar o show do disco homônimo depois de duas temporadas de casa cheia no Tom Jazz, em São Paulo. João Bosco também se apresenta com a sua banda. Depois, os dois se juntam para apresentar um set acústico em que interpretam "O Ronco da Cuíca" e "De Frente para o Crime", entre outras.

Local: Vivo Rio - Av. Infante Dom Henrique - Parque do Flamengo. Horário: 2o:00
Ingressos: de R$ 40,00 à R$ 100,00
Mais informações no site do
Vivo Rio

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Chico Correa e Pocket Band hoje no Rio

Um adendo de última hora à agenda da semana. Os paraibanos do Chico Correa & Eletronic Band vão se apresentar hoje, às 19:30, no Oi Futuro dentro do projeto Multiplicidade com uma formação reduzida, denominada Pocket Band. Vale conferir esta banda que promove um cruzamento entre ritmos regionais nordestinos e música eletrônica sem cair no lugar comum. Projeções a cargo do coletivo carioca Cubículo.

Local: Oi Futuro - Rua Dois de Dezembro, 63 - Flamengo
Horário: 19:30
Ingresso: R$ 10,00 (inteira) / 5,00 (meia)

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Los Hermanos - Show Extra dia 7 de Junho

Em virtude da grande procura por ingressos para os shows de despedida antes do recesso - para o dia 9 já se esgotaram e para o dia 8 estão acabando -, Los Hermanos vão realizar um show extra no dia 7 de junho. Os ingressos para esta apresentação começam a ser vendidos hoje na bilheteria da Fundição Progresso e nas lojas Abusiva Awake.

Há também um comunicado para aqueles que efetuaram a compra pela internet e precisam retirar o ingresso antes do show.

Mais informações no site da banda.

7 Cordas dedilhadas e um Tom de voz

O público presente no Cinematèque Jam Club no último domingo assistiu ao encontro de duas tradições distintas da música brasileira. De um lado, o violão do samba, a harmonia da canção flertando continuamente com o peso da baixaria nas cordas mais graves, tocado por um mestre que tem incorporado ao seu nome o sobrenome do seu instrumento: Paulão 7 Cordas. Além de exímio instrumentista, diretor musical e arranjador. Já trabalhou com muitos dos principais nomes do samba carioca, de Nelson Cavaquinho e Velha Guarda da Portela a Tereza Cristina e Zeca Pagodinho. Do outro, a voz de Thalma de Freitas em um tom contido e performático entre a bossa do samba jazz e a fossa do samba-canção. Uma tradição herdada do convívio com o seu pai, o maestro Laércio de Freitas, depois aprofundada com os demais integrantes do trio que a acompanha em sua carreira solo. Além do maestro, o baixista Bebeto Castilho, membro original do Tamba Trio, e o baterista Wilson das Neves.

Entre as jovens cantoras brasileiras, Thalma é aquela que transita com maior naturalidade entre os diversos gêneros musicais brasileiros. Enquanto a grande maioria compõe seus ecléticos repertórios como se estivesse visitando um supermercado, com preferência pela prateleira do revitalizado samba de raiz ou da fossilizada Bossa Nova, Thalma não se fixa a nenhum estilo ou referência, mantendo trânsito livre entre o passado e o presente, sempre com um foco bem definido em cada um dos seus diferentes projetos. Com os companheiros de Orquestra Imperial, ela subverte a pureza do samba com arranjos de gafieira pop-rock. No último carnaval, caiu na folia juntando-se aos paulistas do Instituto em um tributo ao Tim Maia Racional. Integrou a banda do produtor Apollo 9 levando aos palcos sua mistura entre o som orgânico e o eletrônico. E mesmo quando cai no samba tradicional, como em sua participação em Samba Novo, disco coletivo lançado este ano que reúne alguns nomes que vêm renovando o gênero no Rio de Janeiro, ela se destaca pela diferença. Troca o cavaquinho pelo piano no diálogo com o violão, enquanto o arranjo percussivo privilegia as sutilezas ao invés da marcação em sua interpretação de “Minha noite é de manhã”.

Apesar dos convites, Thalma ainda não havia experimentado o formato minimalista de um show de voz e violão. Ao surgir a oportunidade de fazê-lo, convidou Paulão 7 Cordas para acompanhá-la. O repertório foi se desenhando a partir dos ensaios com sugestões de parte a parte, tendo como substrato o samba-canção. “Voz e 7 Cordas” apresenta músicas sobre amores acabados ou mal-resolvidos que refletem um momento particular da vida da cantora. Esta intimidade é aprofundada pela subtração da grandiloqüência dos arranjos originais das canções a um único instrumento – o violão.

No palco, Thalma usa a alta carga dramática das letras para dar vazão à sua veia interpretativa enquanto as sete cordas de Paulão constroem os cenários. Pode ser a amante que espezinha em “Basta de Clamares Inocência” (Cartola) ou que é espezinhada no pout-pourri de “Me Deixa em Paz” (Monsueto Menezes/Ayrton Amorim) e “Mel na Boca” (David Correa). Atriz versátil, vai da amargura à piedade em “Risque” (Ary Barroso), coloca-se na terceira pessoa e assume a condição de cronista em “Louco (Ela é seu mundo)” (Wilson Batista e Henrique de Almeida) e chega até a fazer graça com a própria desgraça em “Camisa Amarela” (Ary Barroso). Mas quando se emociona, após a execução de “Ronda” (Paulo Vanzolini), não é atriz nem personagem. Perde o ar, esquece a letra da próxima música, pede uma pausa, respira fundo e contém a emoção no olhar lacrimejante. Depois continua, conforme prometido, até acabar o vinho que ela e Paulão bebem no intervalo entre as músicas.

Thalma aproveita as pausas para conversar com o público. Convida todos a assistirem a intimidade dos ensaios em seu canal no youtube. Elogia as sugestões de Berna Ceppas, seu produtor, presente na platéia - “ele nunca erra”. Mas a revelação mais emblemática surge quando ela aponta sua cantora favorita – Elizeth Cardoso, a faxineira das canções. “Era a Rosa Passos, mas agora eu estou conhecendo mais a fundo a Elizeth”. Na relação entre as duas cantoras, fecha-se o círculo da tradição entre o passado e o presente que caracteriza o show.

A carreira de Elizeth começou na era de ouro do rádio, na década de 30, graças a um convite de Jacob do Bandolim. Ela dividia seu tempo entre os estúdios e as boates onde se apresentava como crooner até consolidar-se como intérprete e assinar seu primeiro contrato com uma gravadora já no fim dos anos 50. Em 1958, gravou Canção do Amor Demais, disco dedicado às canções de uma dupla ainda pouco conhecida pelo grande público: Tom Jobim e Vinicius de Moraes. “Chega de Saudade” e “Outra Vez” registraram pela primeira vez o violão de João Gilberto e entraram para história como marcos inaugurais da bossa nova. Sete anos depois, Elizeth se integrou ao movimento pela revalorização do samba de raiz com Elizeth sobe o Morro, álbum em que gravou músicas de compositores como Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeia e Paulinho da Viola. E em 1968, promoveu o encontro entre o samba, representado por Jacob do Bandolim e o Conjunto Época de Ouro, e a bossa nova, representada pelo Zimbo Trio, em um show histórico, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, quando ainda existia um distanciamento até então intransponível entre os músicos de uma e outra vertente. Já no fim de sua vida, gravou o disco Todo Sentimento, acompanhada apenas por Rafael Rabello no violão de sete cordas. Uma das músicas é “Doce de Coco” (Jacob do Bandolim/Hermínio Bello de Carvalho), que também foi gravada por Thalma em seu disco solo.

O trânsito entre diversas tradições musicais brasileiras é um traço comum às trajetórias de Elizeth Cardoso e Thalma de Freitas, cada qual à sua época, sem que haja aí qualquer juízo de valor ou parâmetro para comparações. O show “Voz e 7 Cordas” presta homenagem, se não especificamente a Elizeth, a um passado sem o qual não haveria, hoje, no presente, uma intérprete do quilate de Thalma de Freitas.

Show: Voz e 7 Cordas
Músicos: Thalma de Freitas (voz) / Paulão 7 Cordas (violão de 7 cordas)
Local: Cinematèque Jam Club - Rio de Janeiro
Data: 13 de maio de 2007.


Assista a "Basta de Clamares Inocência" e “Louco (Ela é seu mundo)” no show do Cinematèque na Tuba do Pindzim.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Agenda Semana 14 a 20 de Maio - Rio de Janeiro

Esta semana começa na quarta-feira com o lançamento do disco solo de Rodrigo Maranhão. mundo livre s.a. e Maria Rita são as outras atrações. Confira as sugestões do Pindzim:

16 Quarta-feira: Rodrigo Maranhão no Centro Cultural Carioca
Rodrigo Maranhão faz o show de lançamento de Bordado, seu primeiro disco solo. O compositor tem composições gravadas por Fernanda Abreu, Roberta Sá e Maria Rita, que ganhou no ano passado o Grammy de Melhor Canção Latina com "Caminho das Águas", presente no repertório do cd. Rodrigo Maranhão também tem uma participação importante na revitalização do carnaval de rua no Rio de Janeiro com o Bloco do Banga, que desfila nas tardes de domingo no Horto e é líder do Bangalafumenga, banda que faz um mix de diversos estilos da tradição musical brasileira com uma roupagem pop. O disco ainda não chegou às lojas nem às redações, assim, as expectativas só poderão ser aplacadas nesta temporada que ocupará as quartas de maio no CCC. A julgar pelo show que ele apresentou no ano passado no Humaitá pra Peixe, pode-se esperar um disco em que o grande destaque são as composições interpretadas pelo próprio autor em versões acústicas. Assim que o disco estiver na rua, será comentado aqui.

Local: Centro Cultural Carioca - Rua do Teatro, 37 - Praça Tiradentes, Centro.
Horário: 21:00
Couvert Artístico: R$ 20,00
Informações e reservas no site do CCC

18 Sexta-feira: mundo livre s/a na Fundição Progresso
O mundo livre s/a volta aos palcos cariocas para apresentar o show do disco Bebado Groove Vol. 1, lançado no ano passado pela Monstro Discos. Fica a expectativa de ouvir ao vivo a novíssima crônica musical de Fred Zeroquatro atacando os pilares da sociedade americana. Desta vez o mote é o massacre de 32 pessoas na Universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, promovido pelo estudante coreano Cho Seung Song, que empresta seu nome à música. É possível baixá-la no site da gravadora. No show de abertura, o cantor carioca Baia apresenta o repertório de Habeas Corpus, seu primeiro disco solo.

Local: Fundição Progresso - Rua dos Arcos 24, Lapa.
Horário: 23:00
Ingresso: 1º Lote: R$ 15,00 / 2° Lote: R$ 20,00 (Estudantes, com flyer ou levando 1 kg de alimento não perecível)

19 Sábado: Maria Rita na Fundição Progresso
A cantora apresenta o show de encerramento da turnê do disco Segundo no Palco São Sebastião, o espaço intimista da Fundição Progresso, enquanto se prepara para entrar em estúdio para gravar novo disco com repertório dedicado ao samba. Com produção de Leandro Sapucahy, o terceiro trabalho da cantora começa a ser gravado no começo de junho e deve ser lançado ainda este ano. No repertório do show, canções de Rodrigo Maranhão (Caminho das Águas e Recado) e Marcelo Camelo (Casa Pré-fabricada, Santa Chuva e Despedida).

Local: Fundição Progresso - Rua dos Arcos 24, Lapa.
Horário: 22:00
Ingresso: 1º Lote: R$ 20,00 / 2° Lote: R$ 25,00 / 3° Lote: R$ 30,00 (Estudantes, com flyer ou levando 1 kg de alimento não perecível)

domingo, 13 de maio de 2007

Notas Musicais

++++++ Cibelle revelou em seu blog no myspace que não pára de ouvir o disco , de Caetano Veloso. Suas músicas favoritas são "Outro", na qual destaca a bateria de Marcelo Callado, e "Deusa Urbana" com a "melhor linha de baixo da terra", de acordo com suas palavras, cortesia de Ricardo Dias Gomes. Em seu último disco, The Shine of Electric Dried Leaves, a cantora brasileira radicada em Londres regravou duas músicas do compositor baiano. "London, London", com participação especial de Devendra Banhart, e "Cajuína".

++++++ Na sexta, os pernambucanos do Eddie fizeram o povo carioca cair na festa mais uma vez com o show que mescla músicas dos discos Original Olinda Style e Metropolitano. Sentindo-se em casa no palco do Teatro Odisséia, onde costumeiramente se apresentam por aqui, com muitos conterrâneos na platéia, a banda apresentou poucas novidades em relação a shows anteriores. Uma versão de "Eu só poderia crer", do mundo livre s.a., e as participações de China e e do percussionista Toca Ogan garantiram os momentos inéditos do show. Na companhia da dupla , eles tocaram clássicos como "Guia de Olinda" e "Eu Bebo Sim" emendada com "Cachaça", e "O Baile Betinha", de Erasto Vasconcellos. Depois que os convidados deixaram o palco, o Eddie se despediu com "Eu ia" e foi embora sem direito a bis.

++++++ Sábado, no encerramento do 1° Rio Sabor Cachaça, o Cordão do Boitatá fez a sua primeira apresentação desde o baile de da Prãça XV no domingo de carnaval com um repertório calcado em sambas clássicos. Apesar do som precário, a animação do público foi garantida pela degustação de cachaças cariocas e pelo alto nível dos músicos. Em junho estão confirmadas três apresentações. Uma no Clube dos Democráticos, no dia seis, em homenagem a Sivuca e a Dominguinhos. E duas no Centro Cultural Carioca, nos dias 19 e 26, com um repertório inspirado nos festejos juninos.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Chão de Estrelas - Lanny Gordin no Estrela da Lapa com Rodrigo Amarante

Tímido, o senhor calvo sobe ao palco sob os aplausos da casa cheia. Solitário, ele empunha a sua guitarra e experimenta algumas notas testando a afinação. Não está perfeita. Atarraxa aqui e ali, ansioso, toca alguns acordes. Aperta mais um pouco o mi agudo, testa de novo. Uma vez satisfeito, sorri discretamente, para ele mesmo. Está pronto para começar. As primeiras notas introduzem “Corcovado”, clássico da bossa nova - o banquinho e o violão transfigurados pela eletricidade de um homem apaixonado por sua guitarra. O solo amplifica as dissonâncias que ele improvisa sobre a harmonia da canção. A concentração é total. Ele toca com o olhar fixo sobre os movimentos da mão esquerda, mentalizando a digitação no braço da guitarra, enquanto a mão direita determina a intensidade e a velocidade das palhetadas precisas. Durante todo o show será assim. Um homem e seu mundo, Lanny Gordin e a sua guitarra.

Mesmo quando, a partir da segunda música, recebe seus músicos de apoio no palco, ele se mantém alheio, astro rei em seu universo particular em torno do qual gravitam o baixista Fábio Sá, o baterista Zé Aurélio e o guitarrista Guilherme Held. Juntos eles começam com “Baby” e depois retomam algumas canções do Projeto Alfa, disco dividido em dois volumes, lançado em 2004, que marca a retomada da carreira de Lanny após anos em que se manteve à margem do circuito musical devido a complicações psicológicas decorrentes de um mergulho profundo nos descaminhos da mente conduzido pela esquizofrenia e pelo ácido lisérgico.

Independentemente deste hiato em sua trajetória, o timbre da guitarra de Lanny Gordin permanece inconfundível e único, o mesmo dos tempos do tropicalismo, quando integrou as bandas de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa. Ouvindo gravações antigas ou vendo-o tocar ao vivo, hoje, é fácil identificá-lo. Limpo e levemente distorcido pelo ir e vir de seu pé sobre um pedal wah-wah. Nesta noite, o rangido do pedal cria um complemento rítmico agudo, certamente involuntário, em contraponto ao efeito em si. Travessura de moleque, ingênuo e ao mesmo tempo endiabrado. No intervalo entre as músicas, Lanny se dirige à platéia furtivamente, balbucia algumas palavras como que em desafio a um castigo e por vezes arranca gargalhadas do público. E então sorri, sempre sorri antes de voltar ao seu brinquedo favorito.

Em Duos, seu disco mais recente, Lanny convidou alguns amigos aos quais ele emprestou o som de sua guitarra em troca de uma participação vocal. Parceiros antigos como Jards Macalé e os tropicalistas acima citados se misturaram a novos companheiros como Adriana Calcanhotto, Junio Barreto e Vanessa da Mata. Ao ser convidado, Rodrigo Amarante escolheu cantar “Mucuripe”, que, no entanto, já havia sido gravada por Fernanda Takai. Assim, se viu impelido a retribuir com um presente para além da simples participação. Aproveitou a ocasião e compôs “Evaporar”. Único participante do disco presente na versão carioca do show, Amarante subiu ao palco pela primeira vez desde que os Los Hermanos anunciaram o recesso para se juntar a Lanny na interpretação de sua mais nova canção.

“Evaporar” é contemplativa. Discorre sobre a passagem do tempo em uma lírica que remete a “O Vento”, e tem uma sonoridade delicada em que a guitarra de Lanny flutua sobre a harmonia do violão tocado por Amarante. Aponta para uma direção menos roqueira, assim como muitas das canções de Marcelo Camelo presentes no último disco da banda, demonstrando que o recesso certamente não se deve a problemas de afinidade musical.

Em seguida, Amarante anuncia que vai tocar uma música do repertório dos Los Hermanos em uma versão cuja sonoridade se aproxima bem mais do formato original da canção tal como ele a compôs. Levada no violão, acompanhado por baixo acústico e timbatera, e com um andamento mais lento, “Condicional” destaca o acento nordestino que a sujeira das guitarras e o peso da bateria escondem no arranjo concebido pela banda. No final, a distorção apoteótica é substituída por um diálogo entre a base dedilhada por Amarante e o solo de pureza cristalina executado por Lanny. O último número da dupla foi “Primeiro Andar”, outra do 4. Em ritmo de acalanto, o clima intimista da música foi levado às últimas conseqüências. As canções de Rodrigo Amarante reveladas na integridade da composição, despidas da engenharia sonora dos Los Hermanos, temperadas pela guitarra de Lanny foram a retribuição do anfitrião da noite ao presente recebido no disco. Belo momento.

No último ato do show, Lanny traz à tona a lenda por trás do homem. Apresenta as credenciais de artífice da guitarra tropicalista emulando nota por nota o solo de “Atrás do Trio Elétrico” registrado no álbum branco de Caetano Veloso. Em sua versão de “Tropicália”, o hino não-oficial do movimento, a melodia se faz ouvir através do solo. A guitarra canta, geme, grita, explode e exalta. Os fantasmas do passado não o assustam mais. Nascido na China, filho de mãe russa e pai polonês, com a infância vivida em Israel e formação musical brasileira, agora, Lanny voltou a ser esse mesmo homem de novo. O homem que encontrou a sua identidade, uma identidade brasileira, no som de sua guitarra.

Show: Lanny Gordin com participação de Rodrigo Amarante
Local: Estrela da Lapa - Rio de Janeiro
Data: 10 de maio de 2007.

Confira na Tuba do Pindzim Lanny Gordin e Rodrigo Amarante interpetando Evaporar e Condicional no show do Estrela da Lapa.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Três dedos de prosa com Thalma de Freitas


Thalma de Freitas faz dois shows no Cinematèque Jam Club no sábado e no domingo . Pindzim trocou três dedos de prosa com a cantora para saber como serão as apresentações. Ela também fala sobre os demais projetos musicais nos quais está envolvida.

Pindzim: As comemorações do aniversário este ano serão especiais, duas noites no Cinematèque. A primeira uma jam entre amigos e a segunda uma apresentação inédita acompanhada por Paulão 7 Cordas . Como surgiram estes projetos e como serão as apresentações?
Thalma: O duo com Paulão surgiu da minha necessidade de cantar e fazer show. Tenho muitos convites para shows 'simples"... as pessoas pedem voz e violão por ser fácil de montar e eu convideu o Paulão pra ter esse formato reduzido e ao mesmo tempo garantir uma qualidade absurda, porque o violão do cara não é brincadeira... É o mesmo principio do trio, na hora de fazer meu trabalho solo dou prioridade aos músicos, prefiro trabalhar com os mestres. Adoro fazer aniversário, então peguei esses dois dias no Cinemathèque, no primeiro vou fazer música e dançar com meus amigos, e domingo estreia o show Voz e 7 Cordas... Melhor impossível!

Pindzim: Estes shows são uma pista do que vem por aí no seu próximo trabalho solo ou vc pretende continuar com aquele trio sensacional composto pelo maestro Laércio, seu Wilson e o Bebeto? Já existem planos para um novo trabalho?
Thalma: Existem planos e convites, mas eu ainda preciso compor meu repertório... o duo serve pra isso também, e o trio... bom... agora é um um quarteto, hehehe...

Pindzim: Ao mesmo tempo, vc permanece em atividade participando de projetos diversos como a Orquestra Imperial, o Tim Maia Racional com o Instituto, a coletânea Samba Novo, produzida pelo Rodrigo Maranhão, e também integrou a banda do Apollo 9 em shows. Fale um pouco sobre estes projetos e possíveis desdobramentos futuros deles na sua carreira.
Thalma: Eu gosto e prefiro trabalhar em equipe... gosto de somar pra melhor, citando meu pai, então o trabalho com a Orquestra Imperial, o Tim Maia Racional, o Apollo Nove, e quem mais vier... é minha carreira... na verdade não tenho carreira e sim trajetória. Quando faço trabalho solo fico no básico, na tradição, exatamente pra demonstrar de onde venho e que posso ir pra onde quiser... Tanto na musica quanto atuando, eu gosto é de representar!
Paz, T.


Além das apresentações deste fim de semana, estão confirmados os shows de lançamento do primeiro disco da Orquestra Imperial, Carnaval só no ano que vem, em junho no Teatro Rival. Como atriz, Thalma vai participar da próxima novela das sete da Rede Globo, Sete Pecados, que deve estrear em junho.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Agenda da Semana 08/04 a 13/04 - Rio de Janeiro

Esta é uma semana de excelentes atrações nos palcos cariocas. Confira as sugestões do Pindzim:

08 Terça-feira: Canastra no Estrela da Lapa
Depois de ganhar o festival Oi Tem Peixe na Rede, a banda de Renato Martins (ex Acabou la Tequila) e Marcelo Callado, baterista da banda de Caetano Veloso, lança seu segundo disco, Chega de Falsas Promessas, no Estrela da Lapa. Disco que terá distribuição nas bancas de todo o país encartado na Revista Outra Coisa.
Horário: 21:00
Ingresso: R$ 20,00.
Mais informações no site da casa.

09 Quarta-feira: Bangalafumenga no Centro Cultural Carioca
Rodrigo Maranhão, acompanhado pela sua banda, prepara o terreno para o lançamento de seu primeiro disco solo, cujo nome ainda é um mistério (será Baião Digital ou Bordado?), dando início a uma temporada de 4 shows, sempre às quartas, sendo que somente neste primeiro haverá a participação do Banga.
Horário: 21:00
Couvert artístico: R$ 20,00.
Mais informações e reservas no site do CCC.

10 Quinta-feira: Lanny Gordin no Estrela da Lapa
O músico que criou a sonoridade da guitarra tropicalista e integrou as bandas de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa no auge do movimento traz ao Rio o show de lançamento de seu novo cd, Duos, em que toca na companhia de convidados tais como os três citados acima, além de Adriana Calcanhotto, Vanessa da Mata e Rodrigo Amarante, sendo que estes dois últimos vão participar do show.
Horário: 22:oo
Ingresso: R$ 20,00
Mais informações no site da casa.

10 Quinta-feira: Mariana Aydar no Cinemateque Jam Club
Depois do sucesso de suas apresentações no Teatro do Ibirapuera, em São Paulo, no fim de semana passado, a cantora paulista volta ao Rio de Janeiro para apresentação no Cinemateque Jam Club. O ambiente intimista da casa deve contribuir para fazer desta segunda apresentação na cidade, um momento especial.
Horário: 22:00
Ingresso: R$ 24,00

11 Sexta-feira: Eddie no Teatro Odisséia
Fábio Trummer e banda voltam ao Rio para mais uma apresentação do show do disco Metropolitano antes da banda embarcar para Europa onde ficarão por um bom tempo excursionando. Você vai cair na festa junto com a turma pernambucana que costuma prestigiar o som dos conterrâneos. Pra quem quer se divertir ao som de boa música, é um programa imperdível.
Horário: sem previsão, mas não deve começar antes da meia-noite
Ingresso: R$ 20,00 / R$ 16,00 (c0m filipeta) / R$ 12,00 (lista amiga até às 23:00, depois R$ 16,00)

12 Sábado: Nação Zumbi e China no Circo Voador
A banda pernambucana volta à sua casa carioca para mais um show do disco Futura, após apresentação na Virada Cultural, em São Paulo, em um show dedicado ao repertório de Da Lama ao Caos. Portanto, é possível que a apresentação deste sábado tenha ecos do clássico disco de estréia de Chico Science e sua banda. Abrindo os trabalhos, China apresenta músicas do seu novo trabalho, Simulacro, disco que conta com a participação de integrantes do Mombojó, e de Pupilo, baterista da Nação, que também assina a produção.
Horário: 22:00 (abertura dos portões)
Ingresso: R$ 40,00 / R$ 20,00 (estudantes)

12 Sábado: Cordão do Boitatá no Rio Sabor Cachaça
A maior atração do carnaval de rua carioca volta aos palcos dentro da programação do Rio Sabor Cachaça, evento dedicado à mardita que acontece no Armazém nº 6 do Cais do Porto.
Horário: 22:00
Ingresso: R$ 10,00 (Promocional com filipeta, estudantes e idosos)

13 Domingo: Thalma de Freitas e Paulão 7 Cordas no Cinematèque Jam Club
Show inédito da atriz e cantora da Orquestra Imperial com o requisitado produtor da turma do samba e mestre do instrumento que lhe empresta o sobrenome. Intimista, em voz e violão, os dois apresentam velhos clássicos do cancioneiro nacional. Alguns vídeos dos ensaios servem como aperitivo para o que promete ser um belo show.
Horário: 21:00
Ingresso: R$ 40,00

Estas são as sugestões. Bons shows. Confira a cobertura aqui e na Tuba do Pindzim.

Agô!

Blog do Pindzim entra no ar

Entra no ar hoje o Blog do Pindzim, o qual vem se somar à Tuba do Pindzim, galeria audiovisual da música brasileira no Youtube, contribuindo com uma abordagem jornalística ao registro e divulgação do diverso painel da música brasileira na atualidade.

O blog vai oferecer ao seus leitores conteúdo exclusivo através de entrevistas, da análise crítica de discos, shows e páginas no myspace, da divulgação de uma agenda semanal com a sugestão de shows, especialmente no Rio de Janeiro, terra deste que vos escreve, e tudo mais quanto for de interesse público e ajude a promover os artistas que fazem do presente um momento de especial efervescência na cena musical brasileira.

Espera-se também que o Blog do Pindzim se torne um espaço de reflexão e discussão em que a participação dos leitores faça-se ouvir constantemente constituind0-se em elemento fundamental.

Sejam bem vindos!