segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Especial Clara Nunes - Parte 3

Claridade
O sucesso do espetáculo Brasileiro – Profissão Esperança foi arrasador. Foram 127 apresentações entre setembro de 1974 e abril de 1975. Ao mesmo tempo, Alvorecer se tornava o maior sucesso de vendas da carreira de Clara até então. Vivendo um momento de glória, Clara finalmente se sentiu completamente realizada ao casar-se com Paulo César Pinheiro. A sintonia afetiva que havia entre os dois estendeu-se ao campo profissional e foi determinante para a carreira artística de um e de outro.

Porém, Paulo César não quis se envolver diretamente na produção de Claridade, primeiro disco gravado por Clara após o casamento. Contribuiu apenas como compositor em parcerias com Guinga (“Valsa de Realejo”) e João Nogueira (“Bafo de Boca”). O violonista Hélio Delmiro assumiu a produção e se empenhou em montar um repertório impecável que reuniu composições de Cartola (“Que seja bem feliz”), Nelson Cavaquinho (“Juízo final”), Ismael Silva (“Ninguém tem que achar ruim”) e dos portelenses Monarco e Walter Rosa (“Vai amor”), Alberto Lonato (“O sofrimento de quem ama”) e Candeia, presente com duas composições: “O último bloco” e “O mar serenou”. Esta última foi um dos grandes sucessos do disco – que superou a marca de 500 mil cópias vendidas – ao lado de mais um hit da duplaRomildo e Toninho - “A deusa dos orixás”.



Paulo César Pinheiro já era um letrista reconhecido quando ele e Clara se apaixonaram. Suas parcerias com Baden Powell haviam feito grande sucesso na voz de Elis Regina (“Lapinha”, “Vou deitar e rolar”, “Aviso aos navegantes”). Embora não tivesse experiência como produtor, assumiu, naturalmente, a produção executiva dos discos de Clara a partir de Canto das três raças, além de assinar a faixa título, que abre o disco, em parceria com Mauro Duarte. Embora não haja em Canto das três raças nenhum outro grande sucesso, talvez “Lama”, também de Mauro Duarte, o disco repetiu a vendagem do antecessor e a temporada de lançamento, no Teatro João Caetano, no centro do Rio, confirmou no palco a comunhão entre a cantora e o seu público devotado.

Assista abaixo uma versão de “Canto das três raças” na voz do próprio Paulo César.



Show e disco renderam vários prêmios a Clara: cantora do ano pela crítica, mais popular intérprete brasileira pelo público e o Troféu Imprensa foram alguns deles. A incompreensão – ou má vontade, ou incompetência mesmo – de alguns críticos de publicações importantes como a Veja e o Jornal do Brasil, que a despeito do enorme sucesso popular da cantora, ousavam fazer restrições ao seu trabalho, não tiravam a felicidade da cantora. A única coisa que faltava para Clara era a confirmação de uma tão esperada gravidez e ela veio no fim do ano de 1976. Orfã desde muito cedo, Clara sempre prezou pelos valores familiares. Sonhava em ser mãe para poder se dedicar à criança, nutri-la com carinhos e cuidados que ela mal chegou a ter. Porém, este seria um desejo jamais realizado devido a existência de miomas em seu útero que impediam qualquer gravidez de ir adiante.

Nenhum comentário: